Após morte de presidente em queda de helicóptero, Irã aprova 6 candidatos para a corrida presidencia
O candidato mais proeminente continua sendo Mohammed Bagher Qalibaf, 62 anos, um ex-prefeito de Teerã com laços estreitos com a Guarda Revolucionária paramilitar do país
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O Conselho Guardião do Irã aprovou neste domingo o presidente do parlamento linha-dura do país, o conservador Mohammad Baqer Qalibaf, e outros cinco para concorrerem à eleição presidencial de 28 de junho, após um acidente de helicóptero no último mês que matou o presidente Ebrahim Raisi (1960-2024) e sete outras pessoas. O órgão também barrou novamente o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), um populista conhecido pela repressão, de concorrer.
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A decisão do Conselho representa o ponto de partida para uma campanha de duas semanas para substituir Raisi, um protegido linha-dura do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, outrora considerado um possível sucessor para o clérigo de 85 anos.
A seleção de candidatos aprovados pelo Conselho Guardião, um painel de clérigos e juristas supervisionados por Khamenei, sugere que a teocracia xiita do Irã espera facilitar a eleição após recentes pleitos terem tido baixa participação. Mulheres ou pessoas que defendam mudanças radicais na governança do país, porém, não podem concorrer. As eleições ocorrerão e enquanto as tensões permanecem altas sobre o programa nuclear em rápida expansão do país, bem como a guerra Israel-Hamas.
A campanha provavelmente incluirá debates televisionados ao vivo pelos candidatos na emissora estatal do Irã. Até agora, nenhum deles ofereceu detalhes específicos, embora todos tenham prometido uma melhor situação econômica para o país, que sofre com sanções dos EUA e de outras nações ocidentais devido ao seu programa nuclear, que agora enriquece urânio mais próximo do que nunca aos níveis necessários para armas.
O candidato mais proeminente continua sendo Mohammed Bagher Qalibaf, 62 anos, um ex-prefeito de Teerã com laços estreitos com a Guarda Revolucionária paramilitar do país. No entanto, muitos se lembram que Qalibaf, como ex-general da Guarda, fez parte de uma repressão violenta aos estudantes universitários iranianos em 1999. Ele também supostamente ordenou o uso de violência contra estudantes em 2003, enquanto servia como chefe de polícia do país.
Qalibaf concorreu sem sucesso para presidente em 2005 e 2013. Ele retirou-se da campanha presidencial de 2017 para apoiar Raisi em sua primeira tentativa fracassada de se eleger presidente. Raisi venceu a eleição de 2021, que teve a menor participação de votos já registrada para uma eleição presidencial no Irã, após todos os grandes oponentes serem desqualificados.
Khamenei fez um discurso na semana passada aludindo a qualidades de Qalibaf, algo que os apoiadores do candidato destacaram como um possível sinal de apoio do líder supremo ao presidente do Parlamento.
Ainda assim, o papel de Qalibaf nas repressões pode ser visto de forma diferente após anos de agitação que tomaram conta do Irã, tanto por sua economia debilitada quanto pelos protestos em massa desencadeados pela morte de Mahsa Amini em 2022, uma jovem que morreu após ser presa por supostamente não usar seu hijab, de acordo com as normas das forças de segurança.
A eleição ocorre em um momento de tensões crescentes entre o Irã e o Ocidente por seu armamento da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Seu apoio a forças de milícia por procuração em todo o Oriente Médio tem estado cada vez mais em destaque enquanto os rebeldes houthis do Iêmen atacam navios no Mar Vermelho devido à guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza.
Raisi, o ministro das Relações Exteriores iraniano Hossein Amirabdollahian e outros foram mortos no acidente de helicóptero de 19 de maio, no extremo noroeste do Irã. As investigações continuam, embora as autoridades digam que não há sinais imediatos de jogo sujo no acidente em uma encosta coberta de nuvens.
Raisi é o segundo presidente iraniano a morrer no cargo. Em 1981, uma explosão de bomba matou o presidente Mohammad Ali Rajai nos dias caóticos após a Revolução Islâmica do país.