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ETIÓPIA

Após o governo, rebeldes de Tigré também anunciam cessar-fogo na Etiópia

As forças pró-governo e os insurgentes se enfrentam no norte da Etiópia desde novembro de 2020

Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

Os rebeldes da região de Tigré, em conflito há 17 meses com o exército etíope, se comprometeram nesta sexta-feira (25) a respeitar um cessar-fogo, poucas horas depois do anúncio do governo federal sobre uma "trégua humanitária ilimitada".

"O governo de Tigré se compromete a aplicar um cessar-fogo das hostilidades, com efeito imediato", afirma um comunicado, que pede ao governo da Etiópia a adoção de "medidas concretas para facilitar o acesso sem restrições" à região no norte do país.

O governo federal do primeiro-ministro Abiy Ahmed decretou na quinta-feira uma "trégua humanitária indefinida" para permitir "a livre circulação da ajuda humanitária aos que precisam de assistência" nesta região ameaçada pela fome - onde não entra nenhum comboio de ajuda desde 15 de dezembro.

Os rebeldes afirmaram que "vincular questões políticas e humanitárias é inaceitável", mas garantiram que "farão o melhor possível para dar uma oportunidade à paz".

As forças pró-governo e os insurgentes se enfrentam no norte da Etiópia desde novembro de 2020, quando Abiy Ahmed enviou o exército federal para expulsar as autoridades da região, governada então pela Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), movimento que contestava há vários meses sua autoridade.

As tropas rebeldes da TPLF foram rapidamente derrotadas. Mas em 2021 os insurgentes tomaram o controle da região e, desde então, avançaram para as regiões vizinhas de Amhara e Afar. 

Os quase 17 meses de conflito provocaram uma grave crise humanitária no norte da Etiópia, onde mais de nove milhões de pessoas precisam de ajuda alimentaria, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Em janeiro, o PMA calculou em janeiro que 4,6 milhões de pessoas, ou seja 83% dos quase seis milhões de habitantes da região de Tigré, estavam em situação de "insegurança alimentar", enquanto dois milhões enfrentavam uma "escassez extrema de alimentos".

Desde meados de fevereiro, as operações humanitárias em Tigré, onde mais de 400.000 pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas devido ao conflito, estão praticamente paralisadas pela falta de combustível e recursos, de acordo com a ONU.

Esforços diplomáticos 
Os combates impedem a passagem dos comboios de ajuda humanitária e de combustível pelo único acesso terrestre operacional, que liga Semera, capital de Afar, a Mekele, capital de Tigré.

A ONU denunciou por meses o "bloqueio humanitário" de Tigré, que provoca uma troca de acusações entre o governo e os rebeldes.

Diplomatas estrangeiros liderados por Olusegun Obasanjo, enviado especial da União Africana (UA) para a região do Chifre da África, tentam há vários meses organizar negociações de paz, mas com poucos progressos.

O Departamento de Estado americano pediu a todas as partes que aproveitem o anúncio de uma trégua "para avançar a um cessar-fogo negociado e duradouro".

A União Europeia celebrou a "trégua humanitária decretada pelo governo da Etiópia e o cessar das hostilidades decidido pelas autoridades de Tigré".

O governo etíope já havia decretado um cessar-fogo unilateral em 28 de junho do ano passado, quando as forças da TPLF entraram em Mekele. A trégua era válida apenas "até o fim da temporada de plantações".

Logo depois, os combates recomeçaram: os rebeldes da TPLF avançaram em Amhara e Afar e chegaram a afirmar que estavam apenas 200 km de Adis Abeba.

No fim de dezembro eles recuaram para Tigré, após uma contraofensiva do exército etíope.

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