Após polêmicas, Trump avalia substituir apresentador da Fox News escolhido como secretário de Defesa
Pete Hegseth busca apoio de senadores
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando nomear o governador da Flórida, Ron DeSantis, como sua escolha para liderar o Departamento de Defesa americano, substituindo Pete Hegseth, cuja nomeação tem sido alvo de escrutínio, publicou a CBS News nesta quarta-feira.
Desde que o republicano nomeou Hegseth, um ex-apresentador da rede conservadora Fox News, para o cargo, surgiram dúvidas sobre suas qualificações — e uma acusação de estupro veio à tona, além de um e-mail de 2018 em que a mãe dele o acusa de reproduzir um padrão de abuso contra mulheres, embora mais tarde ela tenha dito que se arrepende de ter feito o comentário.
O ex-apresentador, que foi nomeado em novembro, se encontrará com membros do Congresso nesta quarta-feira para discutir o cargo, que requer aprovação do Senado, e tentar angariar apoio. Entre a série de testes pelos quais ele passará está uma reunião com senadores-chave, incluindo Joni Ernst, uma veterana de combate que já falou sobre ter sido sexualmente assediada, e uma entrevista. É esperado que sua mãe também participe de uma entrevista na Fox News. A combinação de eventos pode determinar se Hegseth se manterá como o indicado.
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Após a nomeação de Hegseth, foi divulgado um relatório policial que detalha acusações de uma suposta agressão sexual ocorrida em 2017, enquanto ele estava em uma conferência republicana na Califórnia. A mulher afirmou que ele, então apresentador da Fox News, chegou a bloquear a porta de um quarto de hotel quando ela tentou sair do local e a agrediu sexualmente. O documento inclui entrevistas com a reclamante, um funcionário do hotel, uma enfermeira e uma testemunha. Hegseth nega qualquer irregularidade e nunca foi preso ou acusado formalmente. Ele fez um acordo de conciliação com a mulher.
Alguns comentários de Hegseth sobre como ele poderia mudar o Departamento de Defesa também geraram estranhamento entre republicanos. Em um podcast recente, o indicado de Trump disse que o presidente do Estado-Maior Conjunto, o líder militar de mais alto escalão nos Estados Unidos, deveria ser demitido — junto de qualquer líder militar que estivesse “envolvido em qualquer uma das iniciativas de diversidade, equidade e inclusão”. Ele também argumentou que mulheres não deveriam servir em funções de combate porque isso não havia tornado o Exército “mais eficaz” ou “mais letal”.
Formado pelas universidades de Princeton e Harvard, Hegseth foi líder de pelotão de infantaria em Guantánamo e no Iraque, e foi premiado com a Medalha de Estrela de Bronze. Trump destacou a educação do ex-soldado e sua experiência militar no Afeganistão e no Iraque ao nomeá-lo, afirmando que, “com Pete no comando, os inimigos da América ficarão alertas, e nosso Exército será grande novamente”. Ainda assim, porém, o homem de 44 anos não tem a experiência extensiva que é típica do cargo, e seria a segunda pessoa mais jovem a exercer a função.
Há um crescente ceticismo sobre as chances de Hegseth obter votos suficientes para ser confirmado pelo Senado. Pelo menos quatro senadores republicanos provavelmente votariam contra ele se votassem hoje, disseram duas fontes à rede americana. Como é esperado que os republicanos tenham uma maioria de 53 cadeiras no Senado (de um total de 100), perder quatro votos republicanos e todos os democratas inviabilizaria a nomeação de Hegseth. Para pessoas próximas, Trump teria afirmado que o ex-apresentador deveria ter sido mais transparente sobre os problemas que enfrentaria para ter seu nome confirmado.
Hegseth, de 44 anos, pode se tornar a terceira pessoa que Trump anunciou como indicada a desistir do cargo, após Matt Gaetz ter retirado seu nome para o cargo de procurador-geral e o xerife Chad Chronister ter retirado sua candidatura para administrador da D.E.A, a agência de combate às drogas dos Estados Unidos.
Avaliação de DeSantis
Agora, Trump tem avaliado outras pessoas para o cargo, incluindo o governador Ron DeSantis, da Flórida, a quem derrotou nas primárias presidenciais republicanas e com quem tem tido uma relação conturbada, publicou o Wall Street Journal. Trump gosta da ideia de trazer alguém que ele tenha dominado publicamente, e falou sobre isso com o governador na terça-feira, durante uma homenagem a três delegados do xerife da Flórida que morreram em um acidente de carro.
No entanto, o número de pessoas no círculo de Trump que não gostam e não confiam em DeSantis — e que se lembram amargamente da campanha que ele fez contra o presidente eleito — é grande. Essas pessoas estão discutindo outras opções, incluindo a possibilidade de Mike Waltz, o congressista da Flórida que o republicano escolheu como seu conselheiro de segurança nacional, ocupar o cargo, esperando que ele seja confirmado com facilidade pelo Senado. Embora criticar Trump no passado não seja sempre um obstáculo para seus indicados, DeSantis fez ataques agressivos contra Trump durante as primárias, incluindo sobre o caso de fraude fiscal que fez o republicano ser condenado em maio.
Eleito governador da Flórida em 2018 com o apoio de Trump, DeSantis, um ex-oficial da Marinha de 45 anos, inicialmente atraiu apoio de muitos republicanos que o viam como uma estrela em ascensão da direita conservadora, apesar de sua falta de carisma. Com o tempo, afastou-se do ex-presidente republicano e ganhou notoriedade por posturas de extrema direita em educação, imigração e temas LGBT+.