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Após pressão dos EUA, Israel anuncia reabertura temporária de posto de fronteira no Norte de Gaza

Gabinete de segurança israelense também determinou que porto de Ashdod seja usado para o transporte de ajuda ao território, mas ressaltou que combates vão continuar

Fumaça nos arredores do hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, após ação do exército israelense Fumaça nos arredores do hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, após ação do exército israelense  - Foto: AFP

Após um telefonema entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o premier israelense, Benjamin Netanyahu, no qual o líder americano afirmou que o apoio da Casa Branca depende da proteção dos civis em Gaza, Israel anunciou a reabertura temporária de um posto de fronteira no Norte do enclave, destinado ao aumento dos envios de ajuda humanitária.

Segundo comunicado emitido pelo governo após reunião do Gabinete de segurança, foi determinada a reabertura temporária do posto de fronteira de Erez, que dá acesso ao norte de Gaza — o local estava fechado desde o dia 7 de outubro do ano passado, quando o grupo terrorista Hamas lançou os maiores ataques em décadas contra Israel, deixando 1.130 mortos. Não foi determinado o volume de caminhões que terão permissão para passar, tampouco como será feito o controle das cargas ou por quanto tempo Erez ficará aberto.

Organizações de ajuda humanitária criticam os critérios usados pelos israelenses para liberar alguns itens, como equipamentos de telecomunicação, considerados “de duplo uso, civil e militar”, e que poderiam cair nas mãos do Hamas. Segundo esses grupos, essas medidas atrasam a chegada dos caminhões liberados, e impedem que muitos veículos recebam autorização de entrada em Gaza.

Em comunicado, o escritório do primeiro-ministro afirma que essas são “medidas imediatas para aumentar a ajuda humanitária à população civil na Faixa de Gaza”, e que isso “permitirá evitar uma crise humanitária, e é necessário para garantir a continuidade dos combates e alcançar os objetivos da guerra”.

 

Além da passagem de Erez, que antes do início do conflito era um dos dois pontos de entrada de cargas e pessoas em Gaza controlados por Israel, Netanyahu também deu sinal verde para que o porto de Ashdod, a 35 km do enclave, seja usado para o trânsito de cargas como alimentos e medicamentos. O posto de fronteira de Kerem Shalom poderá aumentar a quantidade de carga humanitária vinda da Jordânia para a Faixa de Gaza, afirmou o governo.

Há semanas, a Casa Branca tem pressionado as autoridades israelenses para que permitissem um maior acesso de ajuda a Gaza, onde, de acordo com a ONU, boa parte da população tem dificuldades para encontrar alimentos, e onde a falta de insumos médicos, de remédios até bandagens, deixa em risco milhares de feridos e pessoas que precisam de outros tipos de cuidados.

Nesta quinta-feira, Biden conversou por telefone com Netanyahu, e ameaçou condicionar o apoio futuro a Israel à forma como o país aborda suas preocupações sobre as mortes de civis e a crise humanitária em Gaza, tentando, pela primeira vez, usar a ajuda americana para influenciar a condução da guerra contra o Hamas. Todos os anos, os EUA enviam uma ajuda de cerca de US$ 3,3 bilhões (R$ 16,6 bilhões), especialmente na forma de equipamentos e serviços militares.

O telefonema ocorreu dias depois da morte de sete trabalhadores humanitários da organização World Central Kitchen, atingidos por três foguetes israelenses disparados de um drone em Gaza. Netanyahu afirmou que esse foi um “erro grave”, e ouviu de Biden a cobrança para que "anuncie e implemente uma série de medidas específicas, concretas e mensuráveis para lidar com os danos aos civis, o sofrimento humanitário e a segurança dos trabalhadores humanitários", disse a Casa Branca.

Biden também pediu que Netanyahu chegue a um "cessar-fogo imediato" no território palestino, refletindo uma "grande frustração" com o governo do Estado judeu, segundo a Casa Branca. Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU havia aprovado — com a abstenção americana — uma resolução pedindo a suspensão temporária dos combates, mas o Departamento de Estado disse que o texto “não era vinculante”, ou seja, não era de cumprimento obrigatório, uma interpretação criticada por outros países e organizações humanitárias.

Após o anúncio israelense, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, elogiou as ações prometidas por Netanyahu, defendendo que elas sejam “completamente e rapidamente implementadas”. O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que “essas são notícias positivas, mas temos que ver como será a implementação”, ressaltando ser necessário “um cessar-fogo humanitário, além de um maciço fluxo de ajuda”.

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