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Após tempestade de poeira, moradores lavam calçadas apesar do racionamento de água em SP

Moradores alegam ter usado água armazenada em baldes; Sabesp alerta para alto consumo

Fenômeno é conhecido como haboobFenômeno é conhecido como haboob - Foto: Reprodução

Os moradores de Franca (a 400 km de São Paulo) amanheceram, nesta segunda-feira (27), empenhados na limpeza das casas e pontos de comércio após a tempestade de poeira que atingiu a cidade no fim da tarde de domingo (26).

Mesmo em pleno racionamento de água, implantado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) desde o início do mês, os francanos lavaram garagens e calçadas, inclusive com mangueiras. Mas houve quem adotasse medidas mais econômicas.

A dona de casa Nalzira Pelizaro mora na Vila Imperador, que está sem água nesta segunda por conta do racionamento, recorreu à água estocada para lavar a garagem e a calçada. Ela tem o hábito de armazenar água da chuva e aproveitou que choveu no domingo após a nuvem de poeira passar pela cidade.



"Eu estou sem água hoje, mas não tinha condições de ficar na sujeira. No domingo, quando eu vi que o céu ficou muito vermelho, eu até fechei as janelas e portas, mas entrou muito pó, está tudo sujo. Como choveu depois, eu armazenei água e estou usando agora para limpar".

No Parque Residencial Santa Maria, a cabeleireira Silvana Garcia de Freitas, 55, também reaproveitou água para limpar a área externa de sua casa.

"Eu estava lavando roupas brancas e usei a mesma água para lavar o quintal. A casa está inteira suja, mas não tenho coragem de ligar a mangueira e sair jogando água, não é o momento. Aqui em casa é tudo piso e balcões de pedra ficaram tudo preto, de tanta sujeira. Usei um pano e balde para ir jogando água", disse ela, que começou a limpeza por volta das 8h e seguiu até depois do meio-dia.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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A Sabesp classifica a crise hídrica enfrentada em Franca como grave e preocupante e recomenda à população não desperdiçar água, sob risco de tornar o racionamento ainda mais restritivo. Atualmente, o rodízio de água em vigor divide a cidade em três blocos de bairros, que ficam com 36 horas com água e 36 horas desabastecidos.

Segundo o gerente distrital da Sabesp de Franca, Alex Veronez, diariamente as equipes monitoram o consumo de água no município e, na manhã desta segunda-feira (27), estava anormal. "Estimamos que esteja 40% acima do que a cidade consome normalmente".

O gasto de água elevado, pouca chuva e a baixa vazão do Rio Canoas, principal manancial que abastece a cidade, potencializa os riscos ao sistema de abastecimento em Franca. Veronez explicou que para esta época do ano a vazão esperada no Canoas é de 1.300 litros por segundo, em média, mas na semana passada houve nova baixa e o volume reduziu para 620 litros por segundo.

"O cenário é preocupante. Enfrentamos a pior estiagem dos últimos 90 anos, com pouca chuva no período úmido e seca realmente severa. Esse fator e o calor intenso, evaporação maior e consumo alto vêm provocando desequilíbrio no sistema", afirmou o gerente da Sabesp de Franca, ao reiterar a recomendação para as pessoas reutilizarem água da máquina de lavar A prefeitura descarta a aplicação de multas aos munícipes que forem flagrados desperdiçando água. O prefeito de Franca, Alexandre Ferreira, divulgou recentemente um vídeo nas redes sociais em que afirma acreditar na postura consciente dos moradores.

"(...) Francano é consciente e participativo, e é com essa consciência que estamos vencendo os desafios da Covid. Esta mesma participação de todos é decisiva para reduzir os impactos da falta de chuva e abastecimento na nossa cidade. Não é hora de lavar a calçada, demorar no banho ou deixar a torneira aberta para lavar as louças. Neste momento, a cooperação espontânea de cada um é mais efetiva do que multa por desperdiçar água", afirmou no vídeo.

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