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Coronavírus

Após um ano, primeiros diagnosticados com Covid-19 em Pernambuco mantêm cuidados e aguardam vacina

Solange e Sylvio voltaram de viagem para Egito e Itália e receberam o diagnósticoSolange e Sylvio voltaram de viagem para Egito e Itália e receberam o diagnóstico - Foto: Cortesia

Os primeiros casos de Covid-19 registrados oficialmente em Pernambuco completam um ano nesta sexta-feira (12). Era 12 de março de 2020, a pandemia havia sido declarada um dia antes pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o mundo contabilizava cerca de 118 mil casos e 4,3 mil mortes quando o Estado anunciava os diagnósticos positivos do casal Sylvio, de 72 anos, e Solange Cavalcanti, de 67.

De lá para cá, a rotina mudou no mundo inteiro, e Solange e Sylvio, que permanecem isolados, convivem hoje com a recuperação médica e os cuidados para evitar uma nova infecção, além de aguardarem a vez na fila de vacinação. 

Em conversa com a Folha de Pernambuco, Sylvio, que passou quatro semanas internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), contou que perdeu muita massa muscular, precisou passar por fisioterapia e hoje faz exercícios físicos com mais regularidade, com apoio de um profissional. 

“Não tive sequelas de [perda de] sabor, de cheiro. Todos os exames que fiz deu tudo normal, de coração, de cabeça, de rim. Como eu passei 25 dias na UTI, intubado, perdi muita massa muscular, estou fazendo exercícios para recuperar”, disse o engenheiro.

“Estou bem, estou dirigindo. Quando saí da UTI, não conseguia nem andar. Com a fisioterapia, aos pouquinhos, você vai recuperando. Já estou voltando às minhas atividades normais, mas, logicamente, há os cuidados usando máscara, evitando aglomeração, usando álcool em gel, todos aqueles protocolos”, acrescentou Sylvio.

Já Solange relata que teve problemas de memória nas primeiras semanas e não consegue dormir muito bem desde então. “Demorou a voltar o sabor e outra coisa que senti foi a perda da memória, você esquece um bocado de coisa. Passou um tempão para voltar. O meu sistema nervoso ficou abaladíssimo, perdi sete quilos de aperreio nesse tempo. Não voltou meu sono, hoje em dia durmo bem menos”, contou a biomédica.

Solange e Sylvio haviam viajado em uma excursão de férias ao Egito, em fevereiro de 2020. Depois de visitarem o país do Norte da África, passaram três dias na Itália antes de retornarem ao Recife. À época, o país europeu caminhava para se tornar o epicentro mundial da doença - posto atualmente ocupado pelo Brasil.

O casal começou a apresentar, em março, sintomas característicos da Covid-19, como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Os dois nem imaginavam, no entanto, se tratar da doença causada pelo novo coronavírus até procurarem um hospital particular no Recife e receberem os resultados dos testes. 

Além do casal, a mãe de Solange, Joana d’Arc, hoje com 98 anos, contraiu a doença. As duas receberam alta ainda em março, mas Sylvio precisou ficar 61 dias internado em um hospital particular do Recife. A mãe de Solange, inclusive, já tomou a primeira dose da vacina, em 29 de janeiro, e agora aguarda a segunda dose, prevista para 29 de abril.

O casal chegou a ser alvo de críticas e recebeu mensagens negativas quando os dois foram diagnosticados com a Covid-19. “Acusaram até de trazer a doença para o Brasil e aí é uma pessoa ignorante. ‘Você é culpada, você é irresponsável’. E eu sabia que estava doente? Há pessoas que são meio grosseiras”, lamentou Solange.

A mãe de Solange, Joana d'Arc (à esq.) também foi contaminada. Ela já tomou a primeira dose da vacina e aguarda a segunda (Foto: Cortesia)

Vacinação, mensagens e futuro
Solange e Sylvio devem receber as doses do imunizante contra a Covid-19 nas próximas semanas. “Mesmo tendo coronavírus, a gente pode pegar de novo. A gente já se cadastrou [no sistema], mas tem que esperar o agendamento”, disse Solange. “Estou aguardando a vacina”, completou Sylvio. Ele fará 73 anos em 24 de março, justamente a faixa etária com a vacinação em andamento no Recife, cidade onde moram.

Passado um ano, o cenário de aceleração da doença voltou a preocupar de forma mais delicada. Com a ocupação de leitos hospitalares próxima ao colapso e a vacinação caminhando a passos lentos, as autoridades sanitárias reforçam a preocupação constante com os cuidados para conter o avanço do vírus.

Cientes da situação e preocupados, Solange e Sylvio lembram dos cuidados necessários para o combate à Covid-19. “Eu não esperava que essa pandemia durasse tanto, esse vírus surpreendeu a todos. Eu vejo essa turma jovem que pensa que não pode acontecer com eles, mas tem os pais, os avós, os tios. Eu fico muito preocupado principalmente com os irresponsáveis que promovem aglomeração”, disse Sylvio.

“Um ano depois, a gente esperava que já não houvesse mais tantos casos. A coisa está mais grave, o número de mortes aumentou bastante. Tem que fazer distanciamento, lockdown. Estou sentindo muita falta de contato com minhas amigas, meus parentes e outras pessoas”, afirmou Solange.

A biomédica agora espera poder visitar a filha, que mora em Barueri (SP), e deve dar à luz seu quarto neto, em julho. “Quero ver o nascimento do meu netinho. Quero estar presente neste momento. Espero estar até lá vacinada”, finaliza Solange.

Um ano após a Covid-19, Sylvio e Solange aguardam a vacina (Foto: Cortesia)

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