RIO GRANDE DO SUL

Aquecimento e El Niño: uma 'combinação desastrosa' por trás das inundações no país

Rio Grande do Sul enfrenta o pior desastre climático de sua história

Inundação próximo a Porto Alegre, no Rio Grande do SuInundação próximo a Porto Alegre, no Rio Grande do Su - Foto: Anselmo Cunha/AFP

A "combinação desastrosa" formada pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno meteorológico El Niño favoreceu as chuvas devastadoras que atingem o sul do país, explicou à AFP o climatologista Francisco Eliseu Aquino, chefe do departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O estado enfrenta o pior desastre climático de sua história, com dezenas de mortos e desaparecidos, segundo o governador Eduardo Leite.

Localizado na fronteira com o Uruguai e a Argentina, o Rio Grande do Sul foi atingido por várias tempestades no ano passado, principalmente com a passagem de um ciclone que deixou 31 mortos.

Por que o Rio Grande do Sul é tão afetado por fenômenos climáticos?
Eliseu Aquino:
"Naturalmente, a geografia da América do Sul, com a Amazônia ao norte, os Andes a oeste e o estreitamento no sul do continente, o estado sempre foi um ponto de encontro entre massas de ar tropicais e polares. Essa intensificação da mudança climática, combinada com o El Niño, e uma combinação extremamente desastrosa. A mudança climática incentiva a atmosfera a ser mais tempestuosa, mais instável, sobre o Rio Grande do Sul.

O bloqueio atmosférico que gera a onda de calor no centro-sul favorece a transferência de umidade entre a Amazônia, canalizada pelos Andes, até a região do Rio Grande do Sul. Observamos que há, de fato, uma tramitação dos eventos extremos através de formações de nuvens conhecidas como rios voadores."

Como essa influência das mudanças climáticas impacta os fenômenos meteorológicos na região?
"Nos últimos anos, tivemos períodos de estiagem e eventos de precipitação extrema. Os eventos extremos aumentaram em frequência e intensidade.

Em 2023 e 2024, registramos em menos de um ano três inundações sem precedentes. As inundações medidas na vazão de rios no Rio Grande do Sul superaram a ordem de recorrência de 10 mil anos."

O que pode ser feito para evitar esse tipo de desastre climático?
"Trabalhar na prevenção é uma obrigação da sociedade. A intensificação da mudança climática aumenta a demanda por medidas dos tomadores de decisão. Esse é o nosso maior desafio, investir na transição energética, em um sistema de proteção e alerta antecipado.

Precisamos ampliar a proteção de margens de rios, enfatizar o planejamento territorial, para termos cidades resilientes. No momento em que você diminui a proteção ambiental no nosso país, estamos fazendo a política precisamente errada para o enfrentamento da mudança climática."

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