Declaração

Arábia Saudita chama assassinato de líder do Hamas de "violação flagrante" da soberania do Irã

Inimiga histórica do Irã antes de retomar laços diplomáticos meses antes do início da guerra, a Arábia Saudita já disse que não reconhecerá Israel sem a criação de um Estado palestino

Um retrato do líder assassinado do Hamas, Ismail Haniyeh, é exibido durante uma manifestaçãoUm retrato do líder assassinado do Hamas, Ismail Haniyeh, é exibido durante uma manifestação - Foto: Mahmoud Zayyat/AFP

A Arábia Saudita condenou nesta quarta-feira (7) o assassinato, na semana passada, do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, e o qualificou de uma "violação flagrante" da soberania do Irã, em seu primeiro comentário sobre o ataque.

"É uma violação flagrante da soberania, da integridade territorial e da segurança nacional da República Islâmica do Irã (...) e constitui uma ameaça para a paz e a segurança regionais", afirmou o vice-chanceler saudita em uma reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), segundo um comunicado.

Haniyeh vivia em Doha, no Catar, onde atuava como o principal articulador do Hamas nas negociações por um cessar-fogo na guerra em Gaza.

Ele estava na capital iraniana para acompanhar a posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian, quando foi morto por um explosivo plantado no local onde estava hospedado um dia depois da cerimônia.

Embora Israel não tenha assumido a autoria do ataque, o seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, celebrou os "golpes devastadores" desferidos contra importantes lideranças de grupos ligados ao Irã no Oriente Médio como o Hamas, entre eles o número 2 do Hezbollah, Fuad Shukr, morto em um bombardeio israelense no subúrbio de Beirute, no Líbano.

A troca de hostilidades na última semana aumentou os temores de uma escalada da guerra — limitada até o momento ao enclave palestino e a bombardeios controlados na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde atua o Hezbollah — para um conflito regional.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prometeu nesta quarta-feira uma resposta durante uma conversa com seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

Em meio à tensão, diversos atores internacionais estão tentando evitar a expansão do conflito. Na segunda, Sergei Shoigu, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, viajou para Teerã.

Laços recentes
Inimigos históricos, a Arábia Saudita retomou os laços diplomáticos com o Irã meses antes da guerra em Gaza, em março de 2023, por intermédio da China.

No entanto, a relação ainda é considerada distante, e os sauditas assumiram uma postura de maior neutralidade diante do conflito na região, apesar da defesa da criação de um Estado palestino.

Nesta semana, o governo saudita disse que não permitiria que mísseis iranianos cruzassem seu espaço aéreo diante das ameaças de um contra-ataque. Em abril, a Arábia Saudita também fechou seu espaço aéreo durante o ataque do Irã a Israel em resposta ao bombardeio de uma Embaixada iraniana na Síria, impedido também aeronaves americanas e israelenses de interceptarem mísseis e drones iranianos do seu território.

Relações diplomáticas
Antes do ataque terrorista de 7 de outubro, havia uma iniciativa por parte dos Estados Unidos de mediar uma aproximação entre Arábia Saudita e Israel, dois aliados importantes na sua política externa, mas sem relações entre si — num movimento semelhante ao feito pelo ex-presidente americano Donald Trump com os Acordos de Abraão, que promoveu a normalização das relações entre o Estado judeu e os Emirados Árabes e o Bahrein.

No entanto, a Arábia Saudita já deixou claro mais de uma vez que não terá relações diplomáticas com Israel sem o estabelecimento de um Estado palestino independente.

“O Reino comunicou a sua posição firme à administração dos EUA de que não haverá relações diplomáticas com Israel a menos que um Estado palestino independente seja reconhecido nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital”, afirmou Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita em uma nota publicada em fevereiro.

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