Arábia Saudita descarta relações com Israel sem uma trégua em Gaza
O país nunca reconheceu Israel nem assinou os Acordos de Abraão de 2020
A Arábia Saudita não continuará negociando um acordo para reconhecer o Estado de Israel até que um cessar-fogo seja estabelecido na Faixa de Gaza, declarou nesta quinta-feira (18) a embaixadora saudita nos Estados Unidos.
"A Arábia Saudita não colocou a normalização [com Israel] no cerne de sua política. Colocou a paz e a prosperidade no cerne de sua política", afirmou a princesa Reema bint Bandar Al Saud durante uma conferência no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
"O reino foi muito claro. Enquanto houver violência no terreno e continuarem os massacres, não podemos falar sobre o amanhã", acrescentou.
A Arábia Saudita nunca reconheceu Israel nem assinou os Acordos de Abraão de 2020, patrocinados pelos Estados Unidos e através dos quais Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Marrocos estabeleceram relações oficiais com Israel.
A administração do presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, pressionou para que a Arábia Saudita desse o mesmo passo.
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Mas a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que começou em 7 de outubro após um ataque de milicianos do movimento islamista palestino Hamas em território israelense, dificultou qualquer aproximação nesse sentido.
Esta semana, também em Davos, o ministro saudita das Relações Exteriores, o príncipe Fayçal bin Farhan, declarou que Riade continua "aberto" à possibilidade de estabelecer laços com Israel no futuro, mas enfatizou a necessidade de um cessar-fogo e a criação de um Estado palestino.
A princesa Reema desenvolveu a posição saudita e afirmou que "o sangue-frio deve prevalecer".
"Há traumas e dor em ambos os lados. Eu não posso voltar atrás, mas o que podemos fazer é um cessar-fogo agora", indicou.
O ataque dos comandos do Hamas em Israel custou a vida de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, que governa Gaza desde 2007, e lançou uma campanha aérea e terrestre que já deixou 24.620 mortos, principalmente mulheres, crianças e adolescentes, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde controlado pelo movimento islamista.
A princesa Reema declarou nesta quinta-feira que está "profundamente preocupada" com uma eventual escalada que poderia devolver a região "à idade da pedra".