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América do Sul

Argentina amanhece parada, em meio a greve nacional dos transportes

Serviços de trens, aviões, caminhões, táxis, barcos e atividades portuárias foram suspenso

Javier MileiJavier Milei - Foto: Tomas Cuesta/AFP

A Argentina amanheceu em meio a uma nova greve nacional de transporte nesta quarta-feira.

O protesto afetará o funcionamento normal de trens, aviões, caminhões, táxis, barcos e atividades portuárias, paralisando o país e afetando a vida de milhares de pessoas que dependem desses meios para se locomover.

A aliança de sindicatos de transporte confirmou que a greve setorial é uma "rejeição às medidas de ajuste" de Javier Milei.

Os serviços de carros por aplicativo, seja Uber ou Cabify, estarão funcionando.
 

A paralisação, que se estenderá por 24 horas, gerou um cenário de caos e frustração para trabalhadores, estudantes e profissionais que, desde as primeiras horas, tentam contornar a falta de transporte público em um esforço para cumprir suas responsabilidades.

Desde as 5h (hora local), a quantidade de carros em direção à capital provocou longos engarrafamentos. Enquanto isso, na estação de trens de Moreno, o impacto da greve se manifesta em filas intermináveis de pessoas que aguardam alternativas de transporte, em meio a uma confusão generalizada.

Entre a multidão que espera um transporte para seguir ao trabalho, María Leiva, administradora, observa a cena com frustração e resignação:

— É um caos total. O trem é meu principal meio de transporte para chegar ao trabalho, mas com essa greve não tenho outra opção além de pegar dois ônibus e caminhar quase dez quarteirões. Hoje, acordei duas horas mais cedo, porque o ônibus sempre enche e é uma bagunça. Além disso, as tarifas aumentam e o serviço nunca melhora. A verdade é que nos deixam sem opções e só pensam neles. É revoltante — declarou ao La Nacion.

A greve não afeta apenas aqueles que precisam se deslocar para chegar ao trabalho, mas também aqueles em setores essenciais, como o da saúde. Ana Torres, enfermeira em um hospital público, relatou como essa medida de força impacta em seu trabalho diário;

— Trabalho no hospital e não posso faltar. Da última vez, tive que andar e pegar três ônibus para cumprir o turno. Esse tipo de medida nos afeta, trabalhadores da saúde, que não podemos parar. Entendo que eles têm seus direitos, mas o sistema deveria garantir serviços mínimos para que todos possamos cumprir nossas obrigações. A gente já não sabe o que fazer quando param o transporte.— afirmou.

O panorama na estação de Moreno se repete em outros pontos da capital, onde a falta de alternativas faz com que os usuários recorram às linhas de ônibus, sobrecarregadas pela quantidade de passageiros.

Entre os passageiros está Miguel Rojas, empregado do comércio, que trabalha em Palermo e vive no chamado 'conurbano bonaerense', região que abrange as cidades que compõem a província de Buenos Aires .

— Para mim, o trem e o metrô são fundamentais, e sem eles tenho que fazer combinações de ônibus intermináveis. Hoje saí cedo, e o ônibus já estava cheio. Não sei quantos de nós vamos chegar a tempo. O único que nos resta é nos resignar e esperar que isso se resolva de uma vez — comentou Rojas, com cara de exaustão.

O governo decidiu utilizar o aplicativo oficial MiArgentina para criticar a greve de transporte desta quarta-feira, direcionando críticas a dois dos seus líderes sindicais e convidando os cidadãos a denunciarem se forem coagidos a aderir à paralisação.

A decisão, enviada como uma mensagem a todos os usuários do aplicativo, rapidamente gerou polêmica, embora não seja a primeira vez que a administração de Javier Milei recorre a essa ferramenta. Alberto Fernández também já a utilizou.

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