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América doSul

Argentina anuncia "sanções severas" e medidas para limitar protestos contra plano de austeridade

Ministra da Segurança anunciará nesta quinta protocolo para manutenção da ordem pública diante de bloqueios de estradas

Porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel AdorniPorta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni - Foto: Luis Robayo/AFP

O porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni, anunciou, nesta quinta-feira (14), da Casa Rosada, durante a segunda coletiva de imprensa do dia, que a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, anunciará à tarde "um protocolo para a manutenção da ordem pública diante de bloqueios de estradas", enquadrado no slogan repetido em mais de uma ocasião pelo presidente Javier Milei, "dentro da lei tudo, fora da lei nada".

"Hoje à tarde, às 16h45, o Ministro da Segurança anunciará o protocolo para a manutenção da ordem pública, diante do bloqueio das estradas, que incluirá sanções severas para aqueles que impedirem a livre circulação: aqueles que cortam, aqueles que transportam, aqueles que organizam e aqueles que financiam", disse o porta-voz. O anúncio oficial foi feito após a reunião do gabinete na Casa Rosada.

A conferência, de duração muito curta, ocorreu em um contexto no qual várias organizações sociais estão começando a tomar medidas para protestar contra as diretrizes do Ministro da Economia, Luis Caputo, com relação à remoção dos subsídios aos serviços. Minutos antes de Adorni começar a falar, o chefe da Frente De Lucha Piquetero, Eduardo Belliboni, solicitou uma reunião com o Secretário da Criança e da Família, Pablo de la Torre, "para tratar de questões sociais que se agravaram nos últimos dias com o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade".

"Não recebemos os alimentos nos refeitórios sociais prometidos pela administração anterior e, de acordo com o ex-secretário Javier García, isso fazia parte da transição com a administração atual e deveria ter começado a ser implementado nesta semana; no entanto, isso não foi cumprido. Também estamos preocupados com o anúncio de que os programas Potenciar Trabajo serão congelados em seu nível atual, pois em poucas semanas eles serão pulverizados e deixarão mais de um milhão de pessoas sem uma renda essencial para a alimentação diária", acusou o líder sindical.

Enquanto isso, o Movimiento Izquierda Juventud Dignidad (MIJD), liderado pelo histórico piqueteiro Raúl Castells, reuniu-se na terça-feira na porta do antigo Ministério do Trabalho - agora Ministério - com uma exigência: aumentar o salário mínimo vital e móvel para 350.000 pesos, o que implicaria um aumento nos planos sociais vinculados a essa fórmula. Uma novidade do protesto, o primeiro do mandato do novo presidente, foi o fato de que a Avenida Alem, no número 600, não foi bloqueada e os manifestantes, que não passavam de uma centena, foram posicionados apenas na calçada, sem bloquear a circulação de carros.

O protesto durou até que um incêndio no prédio ao lado da Secretaria do Trabalho obrigou os manifestantes a deixarem a área. Em seguida, eles se deslocaram para os portões da Casa Rosada, na Balcarce 50.

"Nos últimos 30 dias, os aumentos já estão entre 50 e 100%", apontou Castells em frente à pasta que agora está sob a órbita do novo superministério do Capital Humano, chefiado por Sandra Pettovello. "Pedimos uma delegação de oito pessoas, eles propuseram uma delegação de três e nós propusemos uma delegação provisória de cinco. Agora eles vão nos atender", disse o piqueteiro, referindo-se às negociações.

O anúncio de Adorni também está de acordo com o que o novo chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Jorge Macri, disse quando apresentou seus novos chefes de segurança, Waldo Wolff e Diego Kravetz. "Não deve haver crianças nas passeatas. Não há razão para que a vida de menores seja colocada em risco, expondo-os a possíveis episódios de violência. Os grupos que levarem menores de idade para as passeatas serão denunciados criminalmente", explicou como medida para tentar conter o número de piquetes.

"É um gesto de compromisso com a nossa polícia para que eles saibam que não estamos fugindo da nossa responsabilidade de fornecer segurança e que estamos lá para acompanhá-los em primeira pessoa. Assumimos essa responsabilidade", acrescentou. "Uma nova etapa está começando. Estes são tempos complexos e vamos nos envolver mais. A força policial tem que saber que estamos trilhando esse caminho juntos", disse o chefe do governo de Buenos Aires, que estava acompanhado pelo ministro Wolff, Kravetz e o comissário Oscar Passi.

Milei fez referência a essa questão pela primeira vez em seu discurso inaugural fora do Congresso. Referindo-se à situação social, ele mais uma vez se baseou no cumprimento da lei para advertir que "quem faz isso paga por isso" e que aqueles que protestarem bloqueando uma rua não receberão planos sociais ou subsídios. "Ele insistiu que "tudo dentro da lei, nada fora da lei". A multidão vibrou e aplaudiu o anúncio do presidente, que leu seu discurso lentamente, mas se conteve nesse ponto. Ele garantiu que não se deixaria "extorquir por aqueles que usam os que menos têm para enriquecer".

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