Logo Folha de Pernambuco

8 DE JANEIRO

Argentina muda lei após pedido do STF e não dará refúgio a denunciados e condenados em seus país

Alteração nas regras para concessão da medida ocorre uma semana depois de ofício ser remetido ao governo de Javier Milei, aliado de Jair Bolsonaro

O presidente da Argentina, Javier MileiO presidente da Argentina, Javier Milei - Foto: Alejandro Pagni / AFP

O governo do presidente Javier Milei alterou a lei sobre o status de refugiado na Argentina e de agora em diante, não concederá este benefício aos estrangeiros denunciados ou condenados em seus países, segundo um decreto divulgado nesta terça-feira.

A decisão ocorreu uma semana após o Supremo Tribunal Federal ( STF) pedir ao país a extradição de pelo menos 37 pessoas investigadas pelos ataques em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.

"Não será reconhecida a condição de refugiado a pessoas estrangeiras (...) quando, antes de serem admitidas como refugiadas na República Argentina, tiverem sido denunciadas e/ou condenadas fora do país por um crime grave", assinala o texto, que altera a Lei Geral de Reconhecimento e Proteção ao Refugiado.

Por outro lado, na lei de 2006, a condição de refugiado já era negada àqueles que tivessem cometido "crimes graves" ou "atos contrários aos princípios das Nações Unidas", enquanto o decreto de Milei detalha de que se tratam tais crimes e princípios.

Entre outras coisas, será negado o refúgio a quem tiver participado de "atividades terroristas, violações graves dos direitos humanos ou qualquer ação que comprometa a paz e a segurança internacionais", segundo um comunicado compartilhado pelo Ministério da Segurança.

O decreto de Milei, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi divulgado uma semana depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) pedir à Argentina a extradição de pelo menos 37 pessoas investigadas pela invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Segundo a imprensa brasileira, a solicitação abrangerá 63 pessoas investigadas pelo que o Executivo considerou uma tentativa de "golpe de Estado" contra o então recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por outro lado, no começo de outubro, o governo argentino também tinha tirado o status de refugiado do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, do qual desfrutava desde dezembro de 2019.

Morales tinha chegado à Argentina após se candidatar à Presidência em seu país naquele ano e após renunciar em meio a denúncias de fraude feitas pela oposição.

Atualmente, ele trava uma disputa aberta com o presidente boliviano, Luis Arce, seu aliado no passado e hoje adversário pela indicação à candidatura presidencial da situação às eleições de 2025.

Em outro caso que pode ser influenciado pelo decreto, a Argentina declarou, em julho passado, o movimento islamista Hamas como uma "organização terrorista".

A Argentina abriga a maior comunidade judaica da América Latina, com cerca de 250.000 integrantes, e foi alvo de dois atentados, contra a embaixada de Israel, em 1992, e a Associação Mutual Israelita (AMIA), em 1994, que deixaram mais de 100 mortos.

Veja também

STJ mantém ação contra dono de canil clandestino de onde foram resgatados 28 cães sem comida
Canil clandestino

STJ mantém ação contra dono de canil clandestino de onde foram resgatados 28 cães sem comida

Com inscrição aberta, Expo Brasil Paralímpico liga esporte e inclusão
Expo Brasil

Com inscrição aberta, Expo Brasil Paralímpico liga esporte e inclusão

Newsletter