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ALERTA

Armas de gel: Paulista sanciona lei que proíbe fabricação, distribuição e venda na cidade

Fundação Altino Ventura (FAV) contabiliza 64 casos de pacientes atendido com lesões nos olhos em apenas 11 dias

Uso das armas de gel desperta preocupaçãoUso das armas de gel desperta preocupação - Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

A cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), sancionou lei que proíbe a fabricação, distribuição e comercialização de armas de gel no município. 

As "gel blasters", como também são conhecidas, viraram febre em várias cidades brasileiras, especialmente entre adolescentes e jovens. Na internet e em feiras populares, esses equipamentos podem ser comprados por valores entre R$ 50 e R$ 200. 

O projeto de lei de autoria do vereador Eudes Farias foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, na terça-feira (10). A lei foi publicada na edição desta quarta-feira (11) do Diário Oficial do município.

A nova lei indica que estabelecimentos da cidade que comercializarem essas armas estarão sujeitos à sanção, suspensão do alvará de funcionamento por 30 dias e até multas e o encerramento das atividades.

"Nosso projeto de lei foi motivado pelo clima de insegurança que a população estava sentindo, com indivíduos usando balaclavas e verdadeiras guerras sendo travadas nas ruas. Há casos também de ferimentos e até risco de perda da visão", justificou o vereador Eudes Farias.

O uso das armas de gel vem despertando alertas das autoridades. Esta semana, a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) informou que mais de 100 ocorrências já foram notificadas na Região Metropolitana do Recife, nos últimos 21 dias.

O delegado da Polícia Civil de Pernambuco Mário Melo explicou na ocasião que o uso das armas de gel ainda não pode ser considerado crime por não haver uma regulamentação vigente.

"Nós temos regulamentações para o paintball e o airsoft, práticas recreativas praticadas por adultos e autorizados pelos pais, quando menores de idade. A arma de gel, por ser uma novidade, as regulamentações ainda não acompanharam, então só o fato de portar, comprar ou vender, ainda não é crime", afirmou.

Para Yves Ribeiro, a sanção da lei teve caráter preventivo. "Temos que cortar o mal pela raiz para evitarmos que aconteça algo pior. Já há casos de acidentes com armas de bola de gel, daí a importância da lei", disse. A Polícia Militar promoverá ações de conscientização em escolas sobre o assunto.

O texto da lei cita ainda que a Prefeitura de Paulista irá fazer "ampla campanha educativa nos meios de comunicação para esclarecer os deveres, proibições e sanções impostas por lei".

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Alerta: 64 casos em 11 dias na FAV
A Fundação Altino Ventura (FAV) já notificou 64 casos de incidentes relacionados a traumas oculares por causa do uso das armas de gel entre 30 de novembro e a manhã desta quarta-feira (11). Balanço anterior, divulgado na última quarta-feira (4), indicava 17 ocorrências

Os impactos das "guerras" de armas de gel chamam atenção da FAV por causa dos riscos à saúde ocular. As balas de gel são feitas de um polímero superabsorvente e podem atingir alta velocidade e causar lesões graves ao atingir os olhos.

Entre os danos mais comuns estão sangramento ocular, inflamação conjuntival e uveíte, uma inflamação interna do olho que pode evoluir para complicações severas, como descolamento de retina e até cegueira irreversível.  

“A maioria dos pacientes são adolescentes que participam de batalhas organizadas ou brincam sem o uso de proteção. As lesões observadas são preocupantes, podendo comprometer a visão e trazer consequências irreversíveis caso não sejam tratadas adequadamente. A falta de regulamentação e o fácil acesso ao produto são fatores que agravam o problema”, alerta a oftalmologista e vice-coordenadora do Departamento de Cirurgia Refrativa da FAV, Camila Moraes.  

Deputado apresenta projeto
O deputado estadual Romero Albuquerque apresentou projeto de lei similar ao de Paulista à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

Na proposta, o parlamentar pretende alterar a redação da Lei Estadual nº 12.098, de 6 de novembro de 2001, que versa sobre a proibição, venda e comercialização em Pernambuco de "brinquedo que tenha formato, característica e/ou cor semelhante às armas verdadeiras".

Com a mudança, o texto lei incluiria as "gel blasters, armas que disparam bolinhas de gel".

"Tal iniciativa se justifica pela crescente preocupação com os riscos à segurança e saúde pública que esses dispositivos representam", ponderou Romero Albuquerque em trecho da justificativa do projeto. 

"O fácil acesso às 'gel blasters', disponíveis em plataformas online e em mercados populares, agrava o problema. Vendidas como brinquedos, esses dispositivos não atendem aos critérios de segurança definidos por regulamentações como as do Inmetro, que não os considera adequados para crianças", completa o deputado em outro trecho.

O deputado estadual Joel da Harpa também se manifestou contrário ao uso dos dispositivos. Ele defende que a Polícia Militar seja acionada para dispersar essas aglomerações e evitar que a situação se agrave.

Em indicação publicada no Diário Oficial do Poder Legislativo do Estado, Joel da Harpa pediu envio de apelo à governadora, ao secretário de Defesa Social e ao comandante da Polícia Militar para solicitar a "criação de medidas preventivas e educativas, visando a conscientização da população pernambucana sobre os riscos do uso indevido das 'armas de gel'".

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