Arquidiocese de SP abre nova investigação contra padre Júlio Lancellotti; ele nega acusação
Padre afirma que as imputações são falsas
A Arquidiocese de São Paulo informou que vai abrir uma investigação sobre um "suposto novo fato de abuso sexual" envolvendo o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, de acordo com nota desta segunda-feira (5). O padre afirma que as imputações são falsas, inverídicas e afirma que "tem plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos".
Para a entidade, a "recente divulgação de laudos periciais com resultados contraditórios" e a "notícia de um suposto novo abuso sexual envolvendo o referido sacerdote requerem uma nova investigação da parte da Arquidiocese para a busca da verdade", diz o comunicado assinado pelo padre Michelino Roberto, Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo.
O documento afirma ainda que pretende "investigar o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade". Em sua defesa, o padre diz que as "acusações estão imbricadas em uma rede de desinformação, que mascara eventuais interesses de setores do poder político e econômico em ceifar aquilo que é o sentido do meu sacerdócio: a luta pelos desamparados e pelo povo de rua".
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Em 22 de janeiro, a Cúria Metropolitana de São Paulo havia recebido do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), um vídeo com uma suposta denúncia contra o padre, também em um caso de assédio sexual.
Na ocasião, a Arquidiocese disse que o material era o mesmo conteúdo já divulgado em 2020. As imagens já tinham sido apuradas pela Arquidiocese e pelo Ministério Público de São Paulo e não havia "convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia". Por isso, a Arquidiocese disse ter decidido pelo arquivamento do caso.
Proposta de abertura de CPI na Câmara
A nova investigação aberta pela Arquidiocese deve reforçar a argumentação pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal. O pedido foi apresentado pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) para investigar a atuação de ONGs que atuam na Cracolândia.
O direcionamento do pedido de CPI à atuação do padre, no entanto, fez com que ao menos oito vereadores desistissem do apoio à iniciativa. O assunto volta a ser debatido entre os parlamentares no colégio de líderes dessa terça-feira, 6, na Câmara Municipal.
O sacerdote afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.
A atuação do padre com a população de rua inspirou a criação de uma lei. Batizada com o nome dele, a norma veda o uso de materiais, estruturas e técnicas construtivas hostis nos espaços livres de uso público.
Em fevereiro de 2021, durante a pandemia de covid-19, o sacerdote quebrou a marretadas pedregulhos colocados sob o viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida pela Prefeitura de São Paulo para afastar pessoas em vulnerabilidade do local. Após a repercussão dos atos na época, as pedras foram removidas.