Em mais uma das reviravoltas que cercam as eleições argentinas de 2023, Javier Milei — apontado como favorito pelas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) — terminou o primeiro turno das eleições, neste domingo, em segundo lugar. Com apenas 21,43% dos votos, o ultra-liberal ficou atrás do peronista e candidato do governo, Sergio Massa. Ainda assim, nada está garantido e Milei ainda pode ganhar a corrida à Casa Rosada. Se for eleito, leva consigo uma primeira-dama: Karina Milei, sua irmã mais nova.

Dois anos mais nova que o candidato, Karine trabalha com o irmão há mais de uma década. É descrita por ele como "o ser humano mais maravilhoso do planeta" e é a pessoa emocionalmente mais importante da sua vida. Por isso, desde o início da campanha, Milei repete que gostaria que Karine o acompanhasse sempre.

— Se eu fosse presidente, acho que minha irmã faria o papel de primeira-dama — revelou Milei, acrescentando: — Uma das piadas que fazemos é que ela fez tudo isso para virar primeira-dama.

Karine esteve envolvida nos negócios da família, mas atualmente está totalmente voltada para a carreira política do irmão. Funciona como um filtro, conhece os gostos de Milei e, para ele, tudo tem de ter a aprovação prévia da caçula. Entre outras coisas, é ela quem administra sua agenda, coordena suas palestras e conferências.

Suas responsabilidades, contudo, vão além da organização. Karine é o braço direito e estrategista da campanha do ultra-liberal. Em 2021, o acompanhou no caminho para deputado; agora, no caminho para a Casa Rosada. Foi ao lado da irmã que Milei discursou e celebrou o resultado das Paso, no dia 13 de agosto. De dentro do partido, dizem que é ela quem tem a última palavra — por isso, ele a apelidou de "o chefe".

— Você sempre tem de ter alguém a quem se reportar. No meu caso, me reporto à minha irmã — disse Milei ao LN+ após ser eleito deputado, em 2021.

Hoje, Karina também se orgulha de estar “envolvida em todas as áreas”. Ela gosta de usar um café na Rua Vicente López, na esquina de sua casa, como escritório remoto.

Foi ela quem teve a ideia de sortear mensalmente o salário de Milei como deputado, iniciativa criticada tanto pelo partido governista quanto pela oposição, mas considerada um sucesso em sua base pela repercussão que causa. Ela também foi idealizadora das aulas públicas com as quais Milei percorre o país, apesar de também ter tido de superar opiniões contrárias de alguns conselheiros, que consideravam que seria muito arriscado e provavelmente teria pouca demanda.

Karina é quem pensa em Milei como uma marca. Foi ela quem idealizou a estética roqueira de cada apresentação do deputado. Pensa na encenação, nos vídeos, na música, na forma como o economista entra no palco.

— A minha irmã me espera sempre no palco, porque ela é a grande arquiteta — disse o deputado ao LN+.

Karina faz isso há anos, desde que seu irmão estrelou o espetáculo teatral “O consultório de Milei”: era o nome por trás de tudo, desde a parte administrativa até o design dos folhetos.

Atrás das câmeras
Karina também cuida da imagem do ultra-liberal. Foi ela quem recomendou que Milei abandonasse o desenho listrado nas roupas formais. Por isso, Milei comprou cinco ternos em diferentes tons de cinza. Ela também comanda o sorteio dos salários ao lado do irmão.

— Falar com a Karina é como falar comigo — costuma dizer Milei a quem o procura.

Quem os conhece diz que se complementam muito bem. Enquanto ele é o "animal político", ela é considerada "a alma do projeto".

— Não funcionaria se ela não estivesse lá — disse um dos líderes do partido.

Enquanto o irmão prefere ficar na frente das câmeras, Karina opta por ficar fora dos holofotes. Ela tenta se manter discreta apesar do boom de Milei e não quer falar sobre si mesma com a imprensa. Uma das poucas vezes em que foi vista dando entrevistas foi quando o acompanhou no debate.

Assim como o irmão, Karina também não tem filhos. Ela mora em um apartamento a poucos quarteirões de seus pais. Depois de vários anos sem se falar, e depois de Milei afirmar que eles estavam mortos para ele, foi ela quem, com a ajuda de uma amiga, conseguiu reconciliá-los antes da pandemia. A ponto de, durante a quarentena, o economista se mudar para a casa dos pais para ajudá-los. Karina cuidou de sua mãe, e Milei de seu pai.

Os irmãos cresceram em Villa Devoto, em uma família de classe média. Seu pai, Norberto, era motorista de ônibus e sua mãe, Alicia, dona de casa; os dois cursaram o ensino fundamental e médio no Instituto Cardenal Copello.

Artista de formação
Karina Milei é relações públicas e artista plástica. Fez vários cursos de arte e pinta. Também possui pós-graduação em eventos. Quem a conhece diz que ela leva jeito para trabalhos manuais. Também gosta de cozinhar, é confeiteira e chegou a vender bolos. Recentemente, voltou a demonstrar sua habilidade quando Santiago Oría, o cineasta que acompanha Milei, fez um bolo, gravando com uma câmera para seu aniversário.

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