Ásia e Oceania batem recordes de temperatura
Autoridades do Japão também anunciaram nesta sexta-feira (1°) que o país registrou o verão mais quente desde 1998
Ásia e Oceania bateram recordes de temperatura recentemente, da Índia à Austrália, passando pelo Japão, anunciaram as autoridades locais nesta sexta-feira (1°), em mais uma evidência do impacto da mudança climática.
O aumento das temperaturas foi registrado após vários alertas dos cientistas, que alertaram há muitos anos que o planeta está esquentando, e coincidiu com os recordes de calor em países como Grécia e Canadá, que sofreram grandes incêndios florestais.
Na Índia, o país de maior população do mundo, as autoridades anunciaram que agosto foi o mês mais quente e seco desde que o país começou a registar temperaturas, há mais de um século.
Agosto é o mês que marca o meio da temporada anual de monção na Índia, que, em geral, provoca 80% das chuvas anuais no país.
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As monções provocaram inundações fatais em algumas áreas do norte da Índia, mas, no geral, as chuvas foram mais moderadas do que o habitual.
Os dados do Departamento de Meteorologia da Índia (IMD) mostram que a média de chuvas e em agosto foi de 161,7 mm, 30,1 mm a menos que o recorde mínimo anterior, registrado em agosto de 2005.
O cenário provocou um calor extremo no país.
“As temperaturas médias e máximas em agosto de 2023 foram as mais elevadas desde 1901”, afirmou o departamento.
“A especificidade específica de chuvas e a fragilidade das monções são as principais razões”, explicou o IMD.
As autoridades do Japão também anunciaram nesta sexta-feira que o país aconteceu o verão mais quente desde que o país começou a registrar as temperaturas, em 1898.
A temperatura média entre junho e agosto foi "consideravelmente maior no norte, leste e oeste" do país, afirmou a agência meteorológica do Japão, que destacou "temperaturas mais elevadas para um verão" (hemisfério norte) desde 1898.
Em muitas localidades, “não apenas as temperaturas máximas, como também as mínimas”, registaram-se.
E na Austrália, o inverno foi o mais quente já registrado, com uma temperatura média de 16,75 graus Celsius entre junho e agosto.
Um nível levemente superior ao registro anterior, previsto em 1996, e muito acima da mídia registrada desde o início dos registros das temperaturas, em 1910, informou a agência meteorológica australiana.
"Mais intenso e mais frequente"
A mudança provocada provocou aumentos de temperatura em todo o planeta neste ano, e julho foi o mês mais quente já registrado na Terra.
Os cientistas alertaram há vários anos que a mudança climática provoca ondas de calor mais intensas, longas e frequentes.
Além disso, as características meteorológicas do El Niño, cada vez mais quente, podem elevar ainda mais o nível das tabelas, embora seus efeitos provavelmente só comecem a ser percebidos dentro de alguns meses.
As ondas de calor estão entre os perigos naturais mais letais e, a cada ano, provocam centenas de milhares de mortes por causas relacionadas com a temperatura que poderiam ser evitadas.
Nos países desenvolvidos, elementos como o ar condicionado podem contribuir para atenuar o impacto.
Porém, mesmo no Japão, um país rico, as autoridades informaram que pelo menos 53 pessoas morreram vítimas de calor em julho e quase 50 mil precisaram de atendimento médico urgente.
As crianças pequenas e os idosos, com menor capacidade de regular a temperatura corporal, são os mais vulneráveis ao calor.
As pessoas que trabalham ao ar livre também correm maior risco. Mesmo uma pessoa jovem e saudável morreria depois de passar seis horas a 35ºC em um ambiente com umidade relativa do ar de 100%.
O calor extremo, no entanto, não precisa atingir este nível para ser leta, alertaram os cientistas.
John Nairn, especialista em calor extremo da Organização Meteorológica Mundial (OMM), afirmou no mês passado que as ondas de calor se tornarão cada vez mais perigosas.
“As pessoas estão muito relaxadas diante dos sinais”, lamentou. "A ciência alerta que isto aconteceu. E não vai parar por aqui. Será mais intenso e mais frequente".