Assembleia Geral da ONU expôs desconfiança e preocupações semelhantes, diz seu presidente
Abdulla Shahid afirmou que todos os líderes respeitaram estritamente as medidas impostas para evitar um foco de contágio de Covid-19 durante a Assembleia
Para o presidente da Assembleia Geral da ONU, o maldivo Abdulla Shahid, a sessão anual que acaba nesta segunda-feira (27) evidenciou preocupações semelhantes dos líderes do planeta em meio a uma desconfiança persistente.
A diplomacia ganha enormemente com o retorno à modalidade presencial, em Nova York, estimou Shahid, em uma entrevista à AFP, na qual afirmou que todos respeitaram estritamente as medidas impostas para evitar um foco de contágio de Covid-19.
Leia também
• Leia e assista à íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU
• Tradição do Brasil de abrir Assembleia-Geral da ONU começou com Oswaldo Aranha
• Bolsonaro vira 'criminoso climático' em ação nas ruas de NY antes de Assembleia da ONU
Falta de liderança no mundo, falta de confiança conforme demonstrada pela crise entre França e Estados Unidos. Houve alguma vontade de reverter essa tendência?
Resposta: "Entendo suas preocupações sobre uma falta de confiança no cenário internacional. Após as declarações e compromissos dos líderes, depois das minhas dezenas de reuniões bilaterais, cheguei à conclusão de que todos compartilham as mesmas preocupações e desejam o mesmo resultado.
Quanto à igualdade das vacinas, constatei uma forte vontade dos Estados-membros para resolverem o problema. Estão dispostos a se comprometerem a entregar recursos e vacinas para garantir que o mundo esteja vacinado o mais rápido possível".
Quais progressos obtidos, graças ao reencontro presencial das delegações dos 193 membros da ONU, você observou nos casos tratados?
"O número elevado de participações presenciais, a confiança no aumento da vacinação e o respeito às medidas de proteção são uma indicação clara dos líderes mundiais de que é possível voltar a uma diplomacia normal.
Após 18 meses de reuniões virtuais, é claro que a diplomacia se beneficia amplamente da criatividade, da troca de ideias, das discussões e da flexibilidade que acompanham as reuniões presenciais. O mundo virtual é um excelente mecanismo para trazer o mundo até a ONU, mas as negociações políticas podem ser sustentadas apenas por (meio de) reuniões presenciais".
Leia também
• Leia e assista à íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU
• Tradição do Brasil de abrir Assembleia-Geral da ONU começou com Oswaldo Aranha
• Bolsonaro vira 'criminoso climático' em ação nas ruas de NY antes de Assembleia da ONU
Neste ano, foram impostas medidas rigorosas por conta da pandemia - uso de máscara, distanciamento social, sete pessoas por delegação... Dois casos de covid-19 foram registrados na delegação brasileira (outros dois casos foram anunciados depois da entrevista). Há outros?
"As medidas impostas pela diretoria foram rigorosamente respeitadas pelas delegações. Estou satisfeito que todos tenham compreendido o quão importante era alcançar um evento bem-sucedido com muito mais pessoas que no ano passado.
A aproximação híbrida (aqueles que quisessem, podiam se expressar por vídeo pré-gravado) também nos ajudou a obtermos a participação de todas as delegações, inclusive aquelas que não puderam ir a Nova York por questões de quarentena, ou outros motivos.
A forte participação é um sinal de que estamos prontos para voltarmos à normalidade. Esperamos que este sucesso nos dê a confiança necessária para organizarmos mais reuniões presenciais no ano que vem".