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Astronautas "presos" na ISS retornam à Terra com pouso no mar

Eles estavam na Estação Espacial Internacional (ISS), aguardando resgate

Pouso de astronautas da Nasa que estavam "presos"  na ISSPouso de astronautas da Nasa que estavam "presos" na ISS - Foto: YouTube Nasa/Reprodução

Após uma estadia inesperada de nove meses no espaço, dois astronautas da Nasa finalmente retornaram à Terra nesta terça-feira (18), concluindo uma missão que ganhou a atenção de todo o mundo e se tornou um tema político nos Estados Unidos.

Os americanos Suni Williams e Butch Wilmore retornaram da Estação Espacial Internacional (ISS) por volta das 20h00 locais (19h00 no horário de Brasília), em uma nave da empresa SpaceX, do empresário Elon Musk. A cápsula Crew Dragon fez uma viagem de 17 horas até as águas do Golfo do México, onde foi resgatada por um barco.

Os americanos Butch Wilmore, 62 anos, e Suni Williams, 59, acompanhados do compatriota Nick Hague e do cosmonauta Aleksandr Gorbunov, deixaram a ISS após trocarem abraços com os membros remanescentes da tripulação. "Que viagem! Vejo aqui uma cápsula cheia de amigos", disse Hague em seu retorno.

O quarteto será transferido para o estado do Texas, onde passará por um programa de reabilitação de 45 dias para se readaptar à gravidade.

Substituição aguardada

A nova tripulação, com dois astronautas da Nasa, Anne McClain e Nichole Ayers; um japonês, Takuya Onishi; e o cosmonauta russo Kirill Peskov, saiu na sexta-feira do Centro Espacial Kennedy, no estado da Flórida (sudeste), e chegou no domingo à ISS. Essa equipe de revezamento chegou a bordo da cápsula Crew 10 e entrou por uma pequena porta na estação, onde foi recebida com sorrisos e abraços.

Wilmore e Williams, ambos ex-pilotos da Marinha e veteranos de outras duas missões espaciais, chegaram ao laboratório orbital em junho de 2024 no primeiro voo tripulado da nave Starliner, da Boeing, uma viagem de ida e volta prevista para durar oito dias. Eles acabaram ficando 280 dias consecutivos no espaço.

O objetivo inicial da missão era testar o rendimento da espaçonave em seu primeiro voo tripulado. "Cada dia é interessante", disse a dupla no começo de março, explicando que a espera foi especialmente dura para suas famílias. "Estávamos preparados para ficar muito tempo, embora pensássemos que seria apenas por pouco tempo", acrescentou Wilmore.

No entanto, a nave apresentou problemas de propulsão e a Nasa decidiu devolvê-la sem tripulantes para a Terra. Depois, os astronautas foram redesignados à missão SpaceX Crew-9 da Nasa, que chegou à ISS em setembro passado com uma tripulação reduzida de dois ao invés dos quatro habituais para acomodar a dupla, que ficou conhecida como os astronautas "presos" no espaço. No entanto, a Nasa criticou essa denominação, enfatizando que eles poderiam ter sido retirados em caso de emergência.

Recorde e disputa política

A permanência de Wilmore e Williams no espaço supera o padrão de seis meses para o revezamento das tripulações da ISS, e ocupa o sexto lugar entre as missões americanas mais longas.

O recorde mundial de dias consecutivos no espaço pertence ao cosmonauta russo Valeri Polyakov, que em 1995 passou 437 dias a bordo da estação Mir.

A longa permanência no espaço traz riscos previsíveis para a saúde, segundo Rihana Bokhari, do Centro de Medicina Espacial da Faculdade de Medicina de Baylor.

Desafios como a perda de massa muscular e óssea, as trocas de fluidos que podem provocar cálculos renais ou problemas de visão, assim como o reajuste do equilíbrio ao voltar a um meio com gravidade já são bem conhecidos e são abordados de forma eficaz.

A história dos astronautas 'presos' no espaço despertou grande interesse local e internacional e também virou assunto político nos Estados Unidos.

O presidente Donald Trump e seu assessor Elon Musk - dono da SpaceX -, sugeriram em várias ocasiões que o ex-presidente Joe Biden abandonou os astronautas à própria sorte e rejeitou um plano de resgate prévio.

"Esqueceram-se vergonhosamente dos astronautas porque consideraram um acontecimento muito embaraçoso para eles", relatou Trump na segunda-feira em sua rede social, Truth Social.

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