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Astronautas "presos" no espaço voltam hoje à Terra após nove meses; entenda retorno de Suni e Butch

Butch Wilmore e Suni Williams decolaram no início de junho de 2024 a bordo da Starliner, da Boeing, para uma viagem de cerca de oito dias e, desde então, estão na ISS

Astronautas Butch Wilmore (à esquerda) e Suni Williams Astronautas Butch Wilmore (à esquerda) e Suni Williams  - Foto: Divulgação/Nasa

A saga espacial mais acompanhada dos últimos anos está prestes a acabar: os astronautas da Nasa Sunita Williams e Butch Wilmore, “presos” há nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS), finalmente devem pousar na Terra às 18h57 desta terça-feira. Após diversos atrasos e adiamentos, a dupla teve o retorno antecipado em um dia devido às condições climáticas favoráveis previstas para a costa da Flórida, nos Estados Unidos.

Geralmente, há uma sobreposição de até uma semana entre a chegada de uma nova equipe e a partida da anterior na ISS. No entanto, desta vez, a NASA optou por um retorno mais rápido para reduzir o tempo de transição entre as equipes para economizar suprimentos, como alimentos. “Não queremos perder nenhuma boa oportunidade que tenhamos neste caso”, afirmou Dina Contella, vice-gerente do programa da ISS, durante uma coletiva de imprensa.

A separação da cápsula está prevista para ocorrer às 2h05 da manhã. Williams e Wilmore, acompanhados por Nick Hague e Aleksandr Gorbunov — da agência espacial russa—, viajarão de volta à Terra na espaçonave Crew Dragon, da SpaceX, a mesma que Hague e Gorbunov utilizaram para chegar à ISS em setembro do ano passado. A viagem de retorno deve durar cerca de 17 horas.

 

A saga de Williams e Wilmore
Para Williams e Wilmore, essa missão se tornou uma jornada muito mais longa do que o previsto. A dupla chegou à ISS em junho do ano passado para um voo teste de poucos dias da cápsula Boeing Starliner.

No entanto, devido a falhas na espaçonave, a Nasa decidiu deixar os astronautas na estação e retornar a cápsula vazia. Desde então, eles passaram nove meses em órbita, aguardando a chegada de novos tripulantes para substituí-los e garantir a continuidade das operações. O voo de retorno estava previsto para fevereiro, mas sofreu sucessivos adiamentos até este mês.

 

Butch Wilmore e Suni Williams Butch Wilmore e Suni Williams — Foto: Divulgação/Nasa

Embora extensa, a permanência dos astronautas na ISS não é incomum – muitos tripulantes passam meses no espaço, e alguns já ficaram mais de um ano na estação. Durante esse período inesperado, Williams e Wilmore se dedicaram a experimentos científicos, especialmente estudos sobre os efeitos da ausência de gravidade no corpo humano.

O prolongado tempo em órbita despertou o interesse de entusiastas do espaço e do público em geral, fascinados pelo desenrolar da missão. Os astronautas demonstraram grande entusiasmo com a experiência, compartilhando transmissões frequentes da estação e falando positivamente sobre sua estadia.

Os astronautas estão sendo resgatados?
Não exatamente. A espaçonave que trará Williams e Wilmore de volta está acoplada à estação espacial desde setembro do ano passado e poderia ter retornado à Terra a qualquer momento.

Os dois astronautas partiram para a estação espacial em junho de 2024 a bordo da Starliner, uma cápsula construída pela Boeing sob contrato da Nasa. A missão era um voo de teste, mas problemas de propulsão fizeram com que funcionários da Nasa decidissem não utilizar a Starliner para trazer os astronautas de volta após levantaram preocupações sobre sua confiabilidade.

 

Atracação da Starliner na ISS Atracação da Starliner na ISS — Foto: Divulgação/Nasa

O maior receio da Nasa era que a Starliner não conseguisse gerar impulso suficiente para deixar a órbita e iniciar a descida segura ao planeta. Diante desse impasse, a agência espacial decidiu modificar seus planos: a missão Crew-9, da SpaceX, que já estava programada para decolar no fim de setembro, levaria apenas dois astronautas em vez de quatro.

Em setembro, a Starliner desacoplou da estação espacial, reentrou na atmosfera e pousou no Novo México sem problemas – mas sem nenhum tripulante a bordo.

Há cerca de dez anos, a Nasa contratou tanto a Boeing quanto a SpaceX para desenvolver novas cápsulas capazes de levar astronautas à ISS. A ideia era ter dois veículos operacionais, garantindo alternativas em caso de falhas em um deles. No entanto, os recentes problemas enfrentados pela Starliner tornaram a SpaceX a única operadora ocidental de viagens para a ISS e consolidou a empresa de Elon Musk como a principal escolha da agência para missões tripuladas.

 

Os astronautas da NASA Suni Williams (à esquerda) e Butch Wilmore, que voaram para a Estação Espacial Internacional na cápsula Starliner da Boeing em junho de 2024 Os astronautas da NASA Suni Williams (à esquerda) e Butch Wilmore, que voaram para a Estação Espacial Internacional na cápsula Starliner da Boeing em junho de 2024 — Foto: Nasa

O que os astronautas disseram sobre o tempo extra no espaço?
Em uma entrevista no mês passado, o apresentador Michael Barbaro, do podcast The Daily, perguntou aos astronautas:

"Se vocês não estão exatamente presos, como descreveriam essa situação?" Wilmore respondeu: "Ótima pergunta. Eu diria que é trabalho. É um prazer maravilhoso. É divertido. É desafiador às vezes, sem dúvida. Mas presos? Não. Isolados? Não. Abandonados? Também não."

Essa foi a terceira missão espacial de Williams, 59 anos, e Wilmore, 62 anos, e pode ser a última. "Estamos voltando para casa. E isso faz você querer aproveitar cada momento que ainda tem aqui em cima", disse Williams.

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