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Sudão

Ataques aéreos deixam ao menos 40 mortos no Sudão

Disputa entre generais na capital do país já deixou mais de 7 mil mortos desde abril

Colunas de fumaça podem ser vistas entre prédios residenciais, em Cartum, capital do Sudão Colunas de fumaça podem ser vistas entre prédios residenciais, em Cartum, capital do Sudão  - Foto: AFP

Pelo menos 40 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas neste domingo após uma série de bombardeios aéreos do Exército atingir um distrito ao sul de Cartum, capital do Sudão, informou um grupo pró-democracia local.

"Por volta das 07h15 [02h15 em Brasília], as forças aéreas bombardearam a área do mercado de Qura", informou o Comitê de Resistência do bairro. O número de mortos chega a "pelo menos 40", acrescentou.

O grupo, que organiza assistência mútua entre os moradores desde o início do conflito, em abril, denunciou um "massacre", temendo que o número de vítimas continue aumentando. Os feridos não param de chegar ao hospital mais próximo, Bachair, que fez um "apelo urgente" a todos os médicos da região.

Desde 15 de abril, a guerra entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR) já ceifou quase 7.500 vidas, segundo a ONG Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled). O número real de vítimas pode ser muito maior porque muitas áreas do país estão completamente isoladas e ambos os lados se recusam a comunicar as suas perdas.

Os combates, concentrados principalmente em Cartum e Darfur, uma vasta região no oeste do país que faz fronteira com o Chade, também levaram quase cinco milhões de pessoas a fugir das suas casas. Várias tentativas internacionais de mediação falharam até agora.

O Sudão é palco de uma sangrenta disputa entre Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do Sudão, e Mohamed Hamdan Dagalo "Hemedti", chefe do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) — dois generais que, no passado, foram aliados no golpe que destituiu um governo civil e destruiu a esperança dos sudaneses de alcançar a democracia após décadas da ditadura de Omar al-Bashir.

A calamidade tem sido especialmente sentida na capital, onde milhares de pessoas estão ficando sem comida, acesso a meios de comunicação e assistência médica, já que apenas 16% dos centros de saúde estão funcionando, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No mês passado, a ONG Save the Children alertou para o risco de epidemias em função dos milhares de cadáveres que se decompõe nas ruas. Há meses, várias ONGs advertem sobre o risco de águas estagnadas que podem espalhar epidemias de malária, dengue, ou cólera.

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