Ataques aéreos israelenses matam general da Guarda Revolucionária do Irã na Síria
Saeed Abyar era membro da Força Quds, braço do grupo que atua no exterior, e acredita-se que ele seja o primeiro iraniano morto após as tensões entre os países em abril
Um general da Guarda Revolucionária do Irã foi morto, na manhã de segunda-feira, após ataques aéreos israelenses próximos a Aleppo, na Síria. O homem, identificado como general Saeed Abyar pela agência Tasnim News, teria sido destacado para o país como conselheiro. Acredita-se que Abyar seja o primeiro iraniano morto por Israel após a escalada da tensão entre os países em abril, quando Teerã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Tel Aviv em resposta a um suposto ataque israelense a um consulado iraniano em Damasco, que matou o comandante e vários membros da Guarda.
De acordo com a agência iraniana, citada pelo jornal americano nesta terça, Israel teria atacado vários alvos nos arredores de Aleppo durante a manhã de sábado e a noite de domingo, deixando 17 mortos e 15 feridos. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido, informou que o ataque israelense teria ocorrido contra uma fábrica de cobre e um armazém de armas na cidade de Hayyan, a norte de Aleppo, e que as vítimas incluíam sírios e estrangeiros. Na segunda-feira, a ONG informou anteriormente que o ataque deixou 16 mortos.
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O Ministério da Defesa sírio afirmou em um comunicado que "depois da meia-noite (...) o inimigo israelense lançou um ataque (...) contra certas posições perto de Aleppo" e que "a agressão causou vários mártires e danos materiais". O OSDH afirmou que equipes de resgate e bombeiros foram ao local do bombardeio para apagar os incêndios e tratar os feridos. A organização acrescentou que a cidade de Hayyan é "controlada por grupos pró-iranianos compostos por sírios e estrangeiros".
Saeed Abyar, de acordo com o jornal americano, era membro da Força Quds, braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior. Ele estava na Síria desde 2012 após ser destacado para ajudar o governo de Damasco a travar uma guerra civil contra as forças de oposição e os terroristas do Estado Islâmico (ISIS). A Força Quds utiliza agora a Síria como quartel-general regional para coordenar e armar os grupos apoiados e financiados por Teerã, que integram o chamado "Eixo de Resistência", como os Houthis, no Iêmen, o Hamas, na Faixa de Gaza, e o Hezbollah, no Líbano.
Israel, por sua vez, tem lançado centenas de bombardeios contra as forças do regime de Bashar al-Assad e grupos pró-Irã que o apoiam desde o início do conflito, em 2011. Em abril, o ataque atribuído a Israel contra o consulado iraniano em Damasco matou também o general Mohammad Reza Zahedi, comandante das Forças Quds.
Para além do quadro de tensão externa, a morte de Abyar ocorre em meio a um cenário interno delicado para o Irã com a morte do presidente Ebrahim Raisi, do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, e de outros membros da comitiva presidencial, em um acidente aéreo há duas semanas. A partida prematura de Raisi embaralhou a sucessão do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, provocando um crise de liderança interna. O país também se prepara para eleições presidenciais em 28 de Junho, nas quais mais de 80 candidatos, representando uma vasta gama de facções políticas, se registaram como candidatos.
Na segunda-feira, o chanceler interino, Ali Bagheri Kani, um linha-dura com laços estreitos com a milícia regional, visitou Beirute. Lá, ele manteve reuniões com altos funcionários libaneses e altos membros do Hezbollah, segundo a mídia iraniana. Bagheri disse ainda, durante uma entrevista coletiva em Beirute, que Israel era uma fonte de instabilidade na região e afirmou que o Irã e as milícias regionais que apoia eram “uma fonte de estabilidade e paz”.