"Até que a morte nos separe": casal centenário morre no mesmo dia, após 78 anos juntos
Mamédio, de 105 anos, já dizia à família que iria morrer no mesmo dia que Ana, de 100
O casal centenário de Paranã, Região Sul de Tocantins, foi fiel aos votos matrimoniais que fizeram no dia 26 de julho de 1945, quando selaram seu amor com o clássico “Até que a morte nos separe”. Depois de quase 80 anos juntos, Seu Mamédio, de 105 anos, e Dona Ana, de 100, morreram na sexta-feira (30), com quatro horas de diferença.
Quando Ana Araújo Magalhães foi internada com uma pneumonia forte, Mamédio Alves Magalhães começou a definhar porque parou de se alimentar. Pensando na melhora do idoso, a idosa voltou para casa, já debilitada e sem perspectiva de melhora.
Cinco dias depois da volta da idosa, na quinta-feira (29), Mamédio foi levado para o hospital, e, por orientação médica, ficou para tomar medicação.
A sobrinha que cuidava do casal, Ediana Quirino Magalhães, de 38 anos, em conversa com o G1, relatou como foram os últimos momentos dos tios, que, após 78 anos juntos, passaram as últimas quatro horas de vida separados.
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Mamédio não resistiu e morreu no hospital às 4h da manhã, e Ana morreu em casa pouco depois das 8h.
“Na sexta-feira, umas 4h, a gente recebeu a ligação para correr atrás de tudo. Quando foi por volta de 8h, as pessoas que estavam me auxiliando foram dar um banho nela e aí ela ‘foi’ depois desse banho”, contou a sobrinha.
Premonição
Ediana contou que seu Mamédio já dizia aos familiares que iria morrer no mesmo dia que sua esposa.
“Ele me chamou e falou para mim: ‘vou morrer no mesmo dia que ela. Nós vamos morrer juntos’. É muito bonita a história deles, ela amava ele mais que tudo”.
Desacreditada, a sobrinha, que considerava o casal de idosos como avós, não levou a sério o que o seu tio, que estava saudável, dizia.
“Eu não acreditei, ele falava que eles iriam no mesmo dia. E como estava lúcido, andando normalmente, eu achava que ele não ia se abalar a este ponto”, conta.
Apesar da idade avançada e da saúde abalada, eles nunca deixaram de cuidar um do outro.
“Ele tinha 105 anos, mas ainda falava. Estava lúcido, lúcido. Ela já não era tão lúcida e se acalmava só quando a gente falava Mamédio. Quando era meio-dia, ela perguntava se a gente tinha dado comida para ele [Mamédio]. Ela não lembrava o nome de mais ninguém, só o dele”, revelou a sobrinha-neta
Velório
Família e amigos puderam se despedir do casal na fazenda Serra Azul, onde foram velados e também vão ser enterrados na manhã deste sábado (1°).
“Era uma vontade dele. Desde antigamente que as pessoas enterravam na fazenda. Então não teve nem como ficar na cidade, isso para fazer o desejo dele”, contou Ediana, lamentando a perda dos avós centenários.
Ser enterrado na propriedade da família já era um desejo antigo de Mamédio, que foi cumprido pela família.