Atentado em Moscou: Estado Islâmico assume autoria do ataque que deixou 40 mortos e 100 feridos
Grupo já estava há algum tempo no radar das autoridades russas, que chegaram a prender alguns supostos militantes nas últimas semanas
Horas depois do ataque que deixou 40 mortos e 100 feridos em um centro comercial nos arredores de Moscou, o grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. Desde a saída dos EUA do Afeganistão — onde o grupo concentra suas maiores forças — e do início da guerra na Ucrânia, os extremistas têm incitado seus apoiadores a realizarem ações contra os russos, e vinham demonstrando ter meios de atacar a Rússia.
Na mensagem, divulgada pela agência Amaq, associada ao grupo, o Estado Islâmico afirma que "um grande agrupamento de cristãos foi atacado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e deixando centenas de feridos e causando grande destruição". A mensagem afirma que os atiradores teriam escapado com vida, mas as autoridades russas não confirmam essa informação.
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Na mensagem, divulgada pela agência Amaq, associada ao grupo, o Estado Islâmico afirma que "um grande agrupamento de cristãos foi atacado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e deixando centenas de feridos e causando grande destruição". A mensagem afirma que os atiradores teriam escapado com vida, mas as autoridades russas não confirmam essa informação. O governo russo também não cita a declaração do grupo terrorista.
No começo do mês, a embaixada americana em Moscou havia emitido um alerta para o risco de um "ataque de extremistas" na capital russa, orientando os cidadãos americanos a evitarem grandes aglomerações. O alarme veio no mesmo dia em que autoridades anunciaram a morte de supostos integrantes do Estado Islâmico em uma região a cerca de 200 km da cidade.
No mesmo dia em que o alerta da embaixada americana foi emitido, o FSB anunciou ter matado integrantes do Estado Islâmico na região de Kaluga, a cerca de 200km de Moscou, e afirmou que eles tinham planos para atacar uma sinagoga na capital russa. Segundo a agência TASS, os supostos terroristas reagiram após a abordagem e "foram neutralizados". Os agentes encontraram armas de fogo, munição e "componentes para criar explosivos improvisados".
A agência informou ainda que os suspeitos mortos integravam uma célula do chamado Estado Islâmico do Khorasan, ou ISIS-K, baseado no Afeganistão e que tem presença nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. No começo do mês, seis pessoas suspeitas de integrar a organização foram mortas na Inguchética, na região do Cáucaso.
Em artigo de 2023 na revista Foreign Policy, os pesquisadores Lucas Webber, Riccardo Valle e Colin Clarke apontaram para o crescimento de um discurso anti-Rússia dentro da "filial' do Estado Islâmico no Afeganistão, conhecida como Estado Islâmico do Khorasan, ou ISIS-K. Um combustível para angariar apoio foi a lembrança da longa invasão militar soviética do país, entre 1979 e 1989, que deixou um legado sentido até os dias de hoje. Além disso, o grupo fez um apelo aos muçulmanos que lutam na guerra na Ucrânia, como os chechenos, que baixem as armas e se juntem ao grupo terrorista.
Após o anúncio, figuras de destaque pró-Putin começaram a questionar a veracidade do relato, apontando para supostas inconsistências no anúncio. Uma delas foi a editora-chefe do canal RT, Margarita Simonyan. Para ela, se trata de uma "fake news". Coincidência ou não, políticos, como o ex-presidente Dmitry Medvedev, estão levantando publicamente a hipótese do atentado ter sido obra do governo da Ucrânia, que nega.