Atividades extracurriculares: o equilíbrio fora da escola; veja vídeo
Atividades extracurriculares têm ganhado cada vez mais espaço na rotina de crianças e adolescentes, mas os pais devem ficar atentos para os excessos
Para estimular a proatividade e gastar a energia dos filhos, pais de crianças e adolescentes têm adotado uma rotina de atividades que se estendem fora do horário escolar. De aulas de idiomas até práticas esportivas, as atividades extracurriculares promovem benefícios físicos e mentais, como diminuição da ansiedade e sedentarismo. Entretanto, os pais devem ficar atentos ao limite dessas práticas para que a rotina cheia não sobrecarregue os pequenos.
“Essas práticas surgem como um complemento à aprendizagem da criança ou do adolescente e também no processo de socialização, que vai além do ambiente escolar”, explica a psicopedagoga Angélica Portela. “Mas é preciso que haja uma dosagem e orientação correta, tanto nos horários, quanto nos estudos e atividades em família, para que não haja o desequilíbrio. É importante que, além de tudo isso, a criança tenha um tempo pra si”.
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Um estudo publicado pelo periódico Sport Education and Society, em 2018. divulgou os impactos físicos, emocionais e até mesmo nas relações familiares quando as crianças praticam o chamado “overdoing” ou “fazer demais”, em tradução livre. Estresse, dores de cabeça e a saúde mental abalada são alguns dos impactos citados pela pesquisa, que também analisou a diminuição do tempo de convivência familiar, já que os filhos passam menos tempo em casa por conta da rotina atarefada.
Segundo a especialista, esse estímulo a atividades fora da escola é decorrente do pouco tempo que os pais permanecem em casa. A ideia de práticas esportivas ou de idiomas, por exemplo, também está associada a um futuro promissor e desenvolvimento de proatividade na criança. Porém, Angélica alerta para que haja o devido acompanhamento com os filhos, para que ele se sinta confortável em relação àquela prática específica. “Está sendo prazeroso para ela ter aquela rotina? É necessário ficar atento aos sinais, que se manifestam principalmente por meio de alterações de humor, tensão e problemas relacionados ao sono”, ressalta.
Foi a partir dessa conversação que a família Araújo adaptou os filhos a uma rotina intensa, mas saudável. Lara, 14, Alice, 11 e Rodrigo, 10, praticam esportes desde cedo. A mais velha pratica atividades desde os 2 anos de idade e. atualmente, joga vôlei na escola e em um clube esportivo. No entanto, o caminho para se encontrar na modalidade não foi tão fácil. “Quando ela começou a praticar, percebemos que estava muito tensa, chegava a chorar e sentia que não iria conseguir seguir em frente”, conta a mãe Berenice Araújo.
Lara, que estava com dificuldades de conciliar o sono, estudos e o tempo em casa, teve acompanhamento psicológico na escola e incentivo familiar. Hoje, a jovem não se vê mais sem o vôlei. “A gente incentiva o esporte desde cedo porque sabemos os benefícios que trazem tanto física quanto psicologicamente”, descreve Berenice, que também é educadora infantil e utilizou dos conhecimentos profissionais para desenvolver uma rotina equilibrada para os filhos.
Quando começar?
A psicopedagoga recomenda ainda que o início dessas práticas se dê a partir dos 3 anos, no máximo duas vezes por semana, e ao longo do crescimento da criança ela siga se adaptando à uma rotina mais atarefada. Ela também ressalta que a participação da criança na escolha da atividade ajuda a desenvolver autonomia, senso de responsabilidade e disciplina. Entre os benefícios das práticas de atividades extracurriculares, “desenvolvimento” é a palavra-chave, já que as habilidades cognitivas, emocionais e motoras são afloradas.
Segundo Angélica Portela, o excesso de uma rotina lotada pode desencadear um nível de estresse, preocupação e ansiedade na criança ou no adolescente. O cumprimento excessivo de obrigações e tarefas não permite que o cérebro relaxe, o comprometendo o sono e aprendizado. A participação da família é essencial para que haja o acompanhamento maior de como a criança se sente sobre a prática das atividades, além da interação entre os familiares, que não deve ser comprometida por conta do dia-a-dia atarefado.