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Ativista egípcio detido e em greve de fome está "em tratamento médico"

A família e os advogados não foram advertidos, tampouco foram revelados detalhes sobre este "tratamento médico"

Protestantes em frente à Embaixada Britânica em Beirut (Líbano) pedindo a libertação de Alaa Abdel FattahProtestantes em frente à Embaixada Britânica em Beirut (Líbano) pedindo a libertação de Alaa Abdel Fattah - Foto: Anwar Amro / AFP

O ativista pró-democracia anglo-egípcio Alaa Abdel Fattah, em perigo de morte após sete meses de greve de fome na prisão no Egito, está "em tratamento médico" – anunciou sua família nesta quinta-feira (10).

Em frente à prisão de Wadi Natrun, 100 quilômetros ao norte do Cairo, a mãe do detido, Laila Sueif, foi informada pela autoridade prisional que "Alaa está sob tratamento médico", tuitou uma de suas irmãs, Mona Seif.

Nem a família nem os advogados foram advertidos, denunciou Mona. Tampouco foram revelados detalhes sobre este "tratamento médico".

"É necessário que nossa mãe, ou um representante da embaixada britânica, possa vê-lo, para que saibamos em que estado de saúde se encontra realmente", acrescentou ela.

Para Hossam Bahgat, fundador da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais (EIPR), a maior ONG de direitos humanos do país, isso "significa que está sendo alimentado à força".

Figura central na revolta popular que derrubou o então presidente Hosni Mubarak, Abdel Fattah foi condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "divulgar informações falsas", depois de passar a maior parte da última década atrás das grades.

O ativista de 40 anos, um ferrenho inimigo do regime do presidente Abdel Fattah al-Sissi, passou meses ingerindo "100 calorias por dia, ou seja, uma colher de mel e um pouco de leite no chá", segundo seus familiares.

Há uma semana, ele parou de comer completamente e, desde o início da COP27, no domingo (6), na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, também parou de beber líquidos.

No início da semana, sua tia, a célebre escritora Ahdaf Sueif, disse haver "rumores de que ele está sedado e sendo alimentado à força".

Ahdaf Sueif pediu, em mensagem no Twitter, que seja "transferido urgentemente para o hospital universitário de Qasr al-Aini", principal estabelecimento público de saúde no Cairo, para que "outros representantes, além dos de Estado, possam vê-lo, assim como seus advogados, ou um representante da embaixada britânica".

Enquanto seus defensores dão-lhe apenas alguns dias de vida – a menos que seja alimentado à força, o que o direito internacional considera como "tortura" e até "crime contra a humanidade " –, a mobilização se acentua.

Na terça-feira (8), a ONU exigiu sua "libertação imediata". O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, também aproveitaram a COP27 para se referir ao caso do ativista.

Ante a mobilização internacional, a contracampanha se organiza. Um deputado entrou em confronto com Sanaa Seif, a outra irmã de Alaa Abdel Fattah, na COP27, antes de ser expulso pela segurança da ONU. A representação egípcia em Genebra protestou contra as Nações Unidas, que denunciou, por sua vez, "julgamentos injustos" e "prisões arbitrárias" no país.

O Egito é criticado, com frequência, por sua política de direitos humanos. O país tem mais de 60 mil presos de consciência, segundo ONGs.

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