Ativistas e diplomatas pedem que não se legitime o Talibã no Afeganistão
Nos últimos três anos e meio, as mulheres foram progressivamente excluídas do espaço público, o que levou a ONU a denunciar um "apartheid de gênero"
Diante da situação desastrosa das mulheres no Afeganistão, ativistas e diplomatas pediram à comunidade internacional que não "legitime" o poder dos talibãs, que governam o país desde 2021, durante uma conferência realizada nesta sexta-feira (7) na Unesco.
Nos últimos três anos e meio, as mulheres foram progressivamente excluídas do espaço público, o que levou a ONU a denunciar um "apartheid de gênero".
"O Afeganistão é o único país do mundo onde as mulheres e meninas são sistematicamente apagadas da vida pública (...) e, apesar disso, todos continuam tratando os talibãs como uma autoridade reconhecida", denunciou a campeã de taekwondo Marzieh Hamidi, que vive no exílio na França.
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"Nenhum país ou organização deveria legitimar um regime que impõe um apartheid de gênero", declarou durante a conferência organizada pela Unesco na véspera do Dia Internacional dos Direitos da Mulher.
"Peço-lhes que nunca reconheçam o regime talibã. O diálogo pode ser necessário, mas a legitimidade nunca deve ser concedida a eles. O reconhecimento apenas consolidaria sua crueldade e prolongaria o sofrimento das mulheres e meninas afegãs", afirmou também Mohammed Homayon Azizi, embaixador do Afeganistão na Unesco.
Atualmente, as afegãs não podem estudar além do ensino primário. Segundo a Unesco, 1,5 milhão de meninas já estão privadas do ensino secundário, e até quatro milhões poderiam ser afetadas em 2030.
Elas também não podem trabalhar em diversos setores, frequentar parques, academias, salões de beleza, nem sair de casa sem um acompanhante masculino.
Uma recente lei as proíbe de cantar ou declamar poesia, com base em uma interpretação extremamente rigorosa da lei islâmica. Também as obriga a "silenciar" suas vozes e cobrir seus corpos fora do lar.
O governo talibã não foi oficialmente reconhecido por nenhum país.
No entanto, Paquistão, China, Rússia, Irã e algumas repúblicas da Ásia Central mantêm relações diplomáticas de fato com o regime afegão.