Ativistas LGBT, mães e igreja cristã pedem fim da violência contra pessoas trans em ato no Recife
Evento "O respeito transforma o mundo e salva vidas" celebrou Dia da Visibilidade Trans, neste domingo (29), na Praça do Marco Zero.
Em ato alusivo ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado neste domingo (29), movimentos sociais e ativistas LGBTQIAP+ se reuniram na Praça do Marco Zero, durante a tarde, com o intuito de chamar atenção para a violência contra a população transgênero.
O evento intitulado “O respeito transforma o mundo e salva vidas” foi organizado pela Associação Nacional Mães da Resistência com a Pastoral da Diversidade da Catedral Anglicana Bom Samaritano.
Leia também
• Foliões pernambucanos se reúnem para mais um dia de prévias carnavalescas em Olinda
• Entidades programam ato para o Dia Nacional da Visibilidade Trans
• Em protesto no Recife, ciclistas e entidades em defesa da mobilidade pedem mais segurança
O grupo começou a se concentrar às 15h, levantando cartazes que pediam o fim da discriminação e da violência brutal que atinge as pessoas trans.
Segundo dossiê divulgado neste fim de semana pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Pernambuco foi o estado brasileiro que registrou o maior número de assassinatos de pessoas trans em 2022, com 13 casos. Já o Brasil foi o país que mais matou transexuais no ano passado, com 131 homicídios notificados.
É diante de estatísticas como essa que os ativistas resolveram se reunir aos gritos de “Vidas trans importam”. “A gente quer sensibilizar as outras mães, de pessoas cisgêneros, para perceberem esse lugar que a gente vive de medo e de dor”, diz a presidente da Associação Mães da Resistência, Gi Carvalho.
“Eu sou mãe de uma mulher lésbica e eu comecei no ativismo justamente por perceber que a minha filha tinha uma estrutura que a deixava passar sem sofrer grandes violências, mas eu me incomodei como pessoa por não poder levar minha voz em defesa de outros filhos”.
Religião e família
Um dos organizadores do ato, o aldeão da Catedral Anglicana do Recife, reverendo Gustavo Gilson Oliveira, destaca a importância de as instituições cristãs marcarem presença em iniciativas que defendam a vida da população LGBTQIAP+.
“É muito importante, principalmente no contexto contemporâneo, que as pessoas cristãs que entendem que as trans têm a mesma dignidade das outras pessoas botem o rosto na rua porque temos visto, com muita preocupação, gente em nome de Deus pregando o ódio e se organizando para retirar direitos das pessoas LGBT”, afirmou.
Uma das mães presentes no ato, a professora Suely Couto, 56 anos, trouxe o filho Rafael, de 20. “A gente veio aqui porque viu todos esses casos, as mortes. É muito assustador para nós. Conheci o Mães da Resistência em um momento muito difícil, na pandemia, e a gente busca com essas mulheres o apoio jurídico e força. Como mãe, é horrível saber que Pernambuco é um dos estados que mais matam trans. Existem muitas pessoas trans e a falta de respeito é muito grande”, ressalta.
Já o estudante diz que se sentiu acolhido ao participar da iniciativa. “Estou bastante emocionado. Nunca tinha vindo a um evento LGBT ou trans”, conta.