Atrapalha o sono, dá menos ressaca? 5 mitos e verdades sobre o vinho
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras agências de saúde, nenhuma quantidade de álcool é segura
Por décadas o vinho foi o queridinho da medicina, celebrado em especial por seus benefícios ao coração. Entretanto, evidências científicas recentes começaram a contestar essa afirmação.
O principal responsável pelo efeito protetor do vinho tinto na saúde são os polifenois, em especial o resveratrol. No corpo humano, esses compostos atuam principalmente no combate aos radicais livres, as moléculas que causam o envelhecimento. Por outro lado, o vinho tem um componente extremamente prejudicial que pode anular todos os benefícios já creditados a ele: o álcool.
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Confira 5 mitos e verdades sobre a relação do vinho com a saúde:
Vinho é pouco calórico?
Muita gente não sabe, mas o álcool em si é um composto calórico e, pior, repleto de calorias vazias, que não agregam em nada para o corpo humano. Portanto, em geral, a quantidade de calorias de uma bebida varia não só em função do tipo da bebida e de seus ingredientes, mas também da dose e do teor alcoólico.
O vinho tinto (como o Pinot Noir e o Cabernet Sauvignon) costuma apresenta teor alcoólico de até 16%, o que pode chegar a cerca de 190 a 230 calorias por taça. Para fator de comparação uma lata (350 ml) de cerveja comum tem cerca de 150 calorias, um coquetel Moscow Mule tem 153 calorias e a gin tônica, cerca de 193 calorias.
Já o vinho branco é de fato menos calórico. Uma taça chega ao máximo de 170 calorias quando tem de 9% a 12% de álcool. O ideal é realmente beber moderadamente.
Vinho faz bem para o coração?
Os benefícios do consumo de vinho tinto para a saúde cardiovascular sempre foram creditados a uma molécula chamada resveratrol. A substância antioxidante, que vem da casca da uva, teria ação preventiva de danos aos vasos sanguíneos, reduziria o colesterol e diminuiria as chances de coágulos sanguíneos.
O resveratrol de fato tem muitos benefícios para a saúde, mas evidências científicas recentes mostram que não apenas não há benefício cardiovascular em beber álcool, mas isso também pode aumentar o risco de problemas cardíacos.
Hoje, cada vez mais pesquisas mostram que até mesmo uma dose por dia pode aumentar a probabilidade de desenvolver condições como pressão alta e um ritmo cardíaco irregular, ambos os quais podem levar a AVC, insuficiência cardíaca ou outras consequências para a saúde.
Existe limite seguro para o consumo de vinho?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras agências de saúde, nenhuma quantidade de álcool é segura, independentemente de você estar bebendo vinho, cerveja ou bebidas destiladas.
Mesmo assim, médicos nem pesquisadores sugerem uma "proibição" do consumo de vinho ou de outras bebidas alcóolicas - ao menos não para pessoas saudáveis. Em vez disso, as principais diretrizes de saúde recomendam o consumo moderado, que corresponde a uma dose de álcool por dia para mulheres e duas para homens. Uma dose padrão equivale a 14g de álcool puro, o que corresponde a 150 ml de vinhos com teor alcoólico de 12%.
Beber uma taça de vinho antes de dormir atrapalha o sono?
Sim, especialistas afirmam que uma dose de vinho, que corresponde a uma taça de 150 ml, já é suficiente para interferir na hora de dormir. Ainda que logo após o consumo a pessoa se sinta mais relaxada e consiga adormecer de forma mais rápida, graças ao efeito sedativo do álcool, o resto da noite vai ser prejudicado pelo caráter estimulante da substância.
Uma alternativa para evitar os efeitos negativos do álcool no sono é estabelecer o maior intervalo possível de tempo entre a bebida e o sono, como tomar uma taça de vinho com o jantar quatro horas antes de dormir.
Vinho tinto causa dor de cabeça?
Exagerar no álcool pode levar a fortes dores de cabeça no dia seguinte, a famosa ressaca. Porém, para algumas pessoas, basta uma pequena quantidade de vinho tinto, como uma única taça, para que o incômodo comece.
Isso não é frescura nem coincidência. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis), nos Estados Unidos, descobriram que a interação da quercetina, um flavonoide presente no vinho tinto, com o álcool pode ser a responsável pela dor de cabeça mesmo após um baixo consumo da bebida.
Quando a quercetina chega à corrente sanguínea, o corpo converte esse flavonoide em uma forma diferente chamada glicuronídeo de quercetina. Nessa forma, ela bloqueia o metabolismo do álcool. Como resultado, as pessoas acumulam o acetaldeído no sangue, a toxina derivada do álcool responsável pelas consequências negativas da bebida, como náuseas e dores de cabeça. Pessoas mais suscetíveis a esse processo teriam as queixas mais rápido e com baixas quantidades de vinho.