Projeto de Lei propõe aumento de integração temporal para três horas no Grande Recife
Proposta chega para atender pedido de usuários do transporte público, que, muitas vezes, excedem o tempo limite atual de duas horas e precisam pagar outra passagem
Um Projeto de Lei (PL) em trâmite na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) pode aumentar para três horas a integração temporal entre terminais de ônibus e metrô no Grande Recife.
A integração temporal é um serviço que permite que o usuário troque de meio de transporte público sem precisar pagar uma nova passagem, em um determinado período.
No Grande Recife, o prazo atual é de duas horas, o que gera muita reclamação dos passageiros, que, muitas vezes, não conseguem cumprir esse tempo e precisam pagar por uma nova tarifa.
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O que diz o PL
O PL 2388/2024, do deputado Sileno Guedes (PSB), chega justamente para atender o pedido por aumento desse tempo. No texto do projeto, ele explica que, no início, em 2017, a integração temporal vigorava em poucos terminais.
Em 2023, no entanto, a modalidade foi estendida para todos os 27 terminais da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Com isso, passageiros que partem de áreas extremas da RMR, como Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Abreu e Lima, Igarassu, Itamaracá e Itapissuma, não conseguem fazer as integrações necessárias no prazo de duas horas. Assim, quando deveriam pagar R$ 4,10, eles têm que pagar R$ 8,20 por deslocamento. Isso anula os efeitos positivos do Bilhete Único, serviço implantado em março deste ano que tem como objetivo diminuir os gastos do usuário do transporte público.
“Esses passageiros têm mais dificuldade de realizar todas as integrações tarifárias no intervalo em vigor, uma vez que podem se deparar com atrasos ou outras intercorrências durante as viagens. Assim, estão sujeitos a ter o desconto de uma segunda passagem no cartão VEM se embarcarem em algum modal do sistema após o período de duas horas”, explicou o deputado.
O PL inclui, também, a integração temporal na Lei 14.474, de 16 de novembro de 2011, voltada para a organização do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR).
O deputado também defende que, caso o PL seja aprovado na Alepe, não haverá impacto financeiro para o Governo do Estado. Isso porque a previsão atual é de que haja uma integração entre toda a rede de transporte público, por ônibus ou metrô, no Grande Recife, de acordo com o Sistema Estrutural Integrado (SEI).
Impacto para o passageiro
Para o passageiro, o impacto da aprovação do Projeto de Lei seria muito positivo. É o que pensa o estudante Artur Serrano, 21 anos, que usa diariamente o transporte público para se deslocar entre Olinda, onde reside, e Recife, onde estuda.
À Folha de Pernambuco, ele conta que nunca chegou a exceder o tempo limite de duas horas, mas que já chegou perto, o que causou um estresse desnecessário para a viagem.
"Uma vez estava indo para a faculdade, peguei a linha Rio Doce/CDU, desci na integração da Cidade Universitária, no Recife, e fiquei 40 minutos esperando o TI CDU/Circular passar. Contando o tempo da viagem do Rio Doce/CDU, que foi mais de uma hora, com esses 40 minutos, quase atingi as duas horas limite. Por sorte, uma segunda opção de ônibus chegou e eu não precisei pagar uma segunda passagem", afirmou.
Para Artur, o aumento traria mais conforto para o usuário do transporte público, que poderia fazer o deslocamento com maior tranquilidade.
"Sabemos que duas horas não é suficiente, ainda mais com o trânsito do Recife, sem contar o tempo de espera pelos ônibus, que muitas vezes acaba passando do prazo limite", explicou.
Como a Alepe vai entrar em recesso neste fim de ano, o PL não será votado agora. Ainda assim, o deputado garantiu que irá tentar adiantar a questão assim que as atividades do Legislativo sejam retomadas.
"Vamos tentar dar celeridade à questão para fazer a votação o mais rápido possível quando voltarmos. É um tema muito importante porque a integração temporal que temos hoje é um tempo muito curto, que não atende às necessidades do usuário", afirmou Sileno Guedes, em conversa com a reportagem.