Passageiros avaliam aumento da passagem de ônibus no Grande Recife
Tarifa do anel principal do transporte público da Região Metropolitana passa a valer R$ 4,30 a partir deste domingo (5)
A Folha de Pernambuco foi às ruas, nesta sexta-feira (3), para ouvir passageiros sobre o novo valor da passagem de ônibus no Grande Recife, que passou de R$ 4,10 para R$ 4,30. O reajuste, que não acontecia desde 2022, foi aprovado pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano, e passa a valer a partir deste domingo (5).
A mudança vai afetar diretamente a vida de cerca de 1,8 milhão de pessoas que utilizam o transporte público diariamente.
Essa é a realidade de Josenilda Caetano, estudante de 29 anos. Ela mora em Paulista, na Região Metropolitana, mas se desloca para a capital todos os dias, por causa da faculdade. Para ela, o aumento "não se justifica".
"Acho um absurdo. Não há melhora na qualidade do serviço, não tem segurança. E qual é a justificativa para aumentar as passagens? Não existe. Eu, por exemplo, sou estudante, pago meia passagem, e têm outras pessoas que pagam todos os dias a passagem integral e o sistema não tem qualidade. O que vemos é uma falta de segurança e o motorista em dupla função. Quem usa todos os dias as integrações vê a situação precária. É muito complicado", afirmou.
Outra passageira que discorda do acréscimo na tarifa é Stefany Oliveira, engenheira civil de 29 anos. Para ela, o aumento não compensa por causa dos problemas do sistema.
"A atual tarifa (R$ 4,10) já é um absurdo para o que o sistema oferece em termos de qualidade. Agora ter um reajuste, e essa qualidade não acompanhar, para mim, é um absurdo. A quantidade de ônibus não atende a população como deveria. O intervalo desses ônibus também não", explicou a usuária.
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Necessidade de melhoria
Há, também, quem acha a mudança um movimento natural, mas que precisa ser acompanhado por melhorias no sistema de transporte público. Este é o caso de André dos Santos, auxiliar de empresa de 40 anos, que, apesar de entender o aumento, acha que o aumento vai trazer prejuízo para o bolso do trabalhador.
"É um aumento que nos afeta e vai prejudicar no nosso salário. Mas está tranquilo, é normal, ainda mais depois de ficar dois anos sem aumento. Agora temos que aceitar. Dá para ir levando, mas tem que melhorar. As condições estão ruins. O principal é o ar-condicionado, porque fica um calor insuportável agora no verão", afirmou.
O mesmo vale para Mirovaldo Barreto, pedreiro de 52 anos. Para ele, o aumento é "normal", por mais que melhorias possam ser feitas. "O preço é justo pela distância que podemos percorrer e o valor que pagamos. Mas ainda temos que melhorar a quantidade de ônibus e ar-condicionado. Ônibus muito quentes e lotados", pontuou.
Justificativa
A última vez que a tarifa foi reajustada foi em 2022. Para a mudança atual, o Governo de Pernambuco indicou ainda que o novo valor ficou abaixo da inflação acumulada de março de 2023 a novembro de 2024, que foi de 7,63%.
O reajuste também impactou outras passagens. A tarifa G, por exemplo, que vigora em apenas três linhas e é considerada de cunho social, passa de 2,70 para R$ 2,90. A tarifa da linha 041-Aeroporto (Opcional) sobe de R$ 5,15 para R$ 5,50, e as das linhas opcionais de Piedade, Candeias, Gaibu e Curado, de R$ 7,70 para R$ 8,30.
Já o serviço de ônibus até a praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Litoral Sul, passa a custar R$ 14,75 e R$ 21,55 para os passageiros — até então, os valores eram de R$ 13,70 e R$ 20,05.
Outras capitais
Os usuários de transportes públicos de sete capitais brasileiras começam 2025 com as tarifas de transportes públicos mais caras. Além do Recife, os novos valores passam a vigorar em Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
O percentual de reajuste anunciado no Recife foi o menor entre as capitais que aumentaram as tarifas do transporte público entre o fim de 2024 e o início deste ano novo.