Austrália se recusa a estabelecer metas contra mudança climática
Relatório publicado pela ONU nesta segunda (9) indicou mudanças climáticas irreversíveis
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, se opôs , nesta terça-feira (10), a que o país estabeleça metas concretas e mais ambiciosas de luta contra as mudanças climáticas, um dia depois da publicação de um preocupante relatório da ONU.
"A Austrália está fazendo sua parte", alegou Morrison, ao descartar que o país vá assumir metas concretas de neutralidade de carbono.
"Não vou assinar um cheque em branco em nome dos australianos para que metas sejam alcançadas", acrescentou, no dia seguinte à divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, o qual apresenta um panorama desolador sobre o futuro do planeta.
Os recentes incêndios, secas e ciclones de intensidade incomum que atingiram o país recentemente são, segundo os cientistas, sinais da mudança climática.
A Austrália é um dos maiores importadores de carvão e de gás natural do mundo. Também é um dos grandes exportadores de combustíveis fósseis.
Recusando-se a assumir uma meta oficial de redução das emissões de carbono, as autoridades australianas deram a entender que a neutralidade de carbono será alcançada "o mais rápido possível", de preferência antes de 2050. Números precisos sobre o tema não foram divulgados.
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"Temos que adotar um ponto de vista diferente: nos concentrarmos nos avanços tecnológicos necessários para mudar o mundo e nossos comportamentos", disse o chefe do governo nesta terça-feira.
Muitas lideranças políticas da coalizão conservadora no poder têm relações importantes com a indústria de mineração e negam a existência da mudança climática, ou tentam minimizar seus riscos. Tanto o Partido Liberal, do primeiro-ministro, quanto a oposição trabalhista são a favor de se continuar explorando as minas de carvão no país.