"Chatbot" gratuito que detecta risco de autismo é lançado de forma inédita no Brasil
Cerca de 90% dos casos de autismo têm uma influência genética
Quais são os riscos do um bebê nascer com autismo? Essa é a pergunta que o chatbot desenvolvido no Brasil vai responder. A conversa com o robô funciona como um tipo de triagem. A tecnologia, gratuita e inédita no país para este tipo de tema, aponta as possibilidades de uma criança nascer ou não com a condição de acordo com o histórico familiar do internauta.
— A partir das informações que vai receber na conversa com o chatbot, a pessoa poderá avaliar se deve ou não passar por um aconselhamento genético — explica o médico geneticista Salmo Raskin, idealizador do projeto e diretor do laboratório Genetika, em Curitiba.
Após fazer um breve cadastro, a pessoa é direcionada para o Whatsapp por onde conversa com a Dika, a ferramenta de chatbot. Após informar que deseja iniciar a triagem, a pessoa deve responder a seguinte pergunta: “Você ou teu parceiro(a) ou alguém da tua família tem diagnóstico de autismo?”.
A partir de então, novas perguntas são feitas para entender melhor o caso do casal e indicar as possibilidades de uma criança nascer ou não com autismo, como os tipos de sintomas da pessoa com transtorno e se há outras doenças relacionadas.
— Vale lembrar que o autismo é uma das condições mais prevalentes, mas os riscos são muito pequenos. Em alguns casos, a probabilidade é maior do que na população em geral. Mas há muito mais chance de uma criança nascer sem autismo do que com autismo — esclarece o geneticista.
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No caso de um casal que não tem nenhum diagnóstico de autismo na família, o chat bot informa que a “prevalência média global é de 1 para cada 100 pessoas”, ou seja, o risco é de 1%. No entanto, o número vem aumentando nas últimas décadas. “Nos Estados Unidos estima-se que atualmente uma em cada 36 crianças será diagnosticada com autismo até oito anos de idade, ou seja, 2,8% das crianças. Este número assusta, mas repare que também quer dizer que 97,2% das crianças não terão autismo”, destaca a resposta do robô.
O risco de ter um filho com autismo cresce à medida que existem casos da condição na família — seja nos futuros pais, nos irmãos mais velhos, tios, avós e até primos dos pais. Para cada caso é apresentado as estatísticas e orientações sobre a necessidade ou não de um aconselhamento genético.
Segundo o geneticista, a ideia de criar o chatbot surgiu depois que ele e sua equipe perceberam que muitas pessoas não tinham acesso a informações corretas sobre a relação entre a genética e o autismo. Apesar de a condição ter múltiplas causas, e a maioria ainda ser desconhecida, cerca de 90% dos casos têm uma influência genética. Além disso, dados confiáveis sobre o tema não são de fácil acesso para a população em geral. Com o chatbot foi possível reunir em um só lugar informações de vários estudos sobre o tema.
Raskin e sua equipe desenvolveram também um ambiente virtual para teleconsultas de aconselhamento genético para atender pacientes. A genética é a especialidade médica com menos profissionais habilitados, segundo o último censo do Conselho Federal de Medicina. São cerca 350 médicos geneticistas no país, apenas. E eles normalmente estão alocados nas capitais e nos estados do Sul e Sudeste.