Autópsia mostra que líder do Hamas morreu com tiro na cabeça após ser ferido com bomba, diz NYT
Em operação de rotina, unidade de comandantes em treinamento encontrou grupo de militares nas ruas de Rafah, no sul de Gaza, mas não sabiam na época que grupo incluía Sinwar
O tiro fatal que matou o líder do Hamas, Yahya Sinwar, acertou em cheio a cabeça da vítima, segundo a autópsia feita por Israel no corpo dele. Sinwar já havia sido atingido pouco antes no braço durante um tiroteio com soldados israelenses.
Em uma operação de rotina, uma unidade de comandantes em treinamento encontrou um grupo de militares nas ruas de Rafah, no sul de Gaza. Eles não sabiam na época que o grupo incluía Sinwar.
Dois militantes fugiram para um prédio, enquanto um terceiro, que mais tarde seria identificado como Sinwar, entrou em outro, dando início a um tiroteio que durou horas, de acordo com o exército israelense.
Durante o encontro, estilhaços, possivelmente de um pequeno míssil ou projétil de tanque, atingiram Sinwar no braço direito e o feriram, disse o diretor do instituto forense nacional de Israel, Chen Kugel, que supervisionou a autópsia e descreveu suas descobertas em uma entrevista ao The New York Times nesta sexta-feira (18).
Em algum momento, Sinwar amarrou um cabo elétrico em volta do braço ferido, no que parece ser um torniquete improvisado para estancar o sangramento, acrescentou Kugel. “Mas não teria funcionado”, disse ele. “Não era forte o suficiente, e seu antebraço foi esmagado.”
Um drone israelense que foi lançado contra o prédio para onde Sinwar havia fugido capturou o que os militares israelenses disseram serem os “momentos antes de sua eliminação”. O vídeo, editado e divulgado pelos militares, mostra um homem sentado em uma cadeira, coberto de poeira.
O homem, identificado como Sinwar pelos militares, observa o drone por pelo menos 20 segundos antes de atirar o que parece ser um pedaço de pau em sua direção.
Leia também
• Hamas chora a morte de Sinwar e se nega a libertar reféns até que guerra em Gaza termine
• Morte do líder do Hamas desperta esperança e temores pelos reféns em Gaza
• Morte do líder do Hamas: Saiba como o corpo de Yahya Sinwar foi identificado
O Times não conseguiu verificar de forma independente a identidade do homem. Elementos do vídeo correspondem aos de outras fotografias obtidas pelo The Times mostrando o cadáver do Sinwar. Ele foi baleado na cabeça mais tarde, matando-o, disse o Kugel. Outros pontos permanecem obscuros, incluindo quando o tiro fatal foi disparado, qual arma foi usada e quem disparou.
Na manhã seguinte, seu corpo foi encontrado nos escombros do prédio, que havia desabado parcialmente após o bombardeio, de acordo com autoridades israelenses. Soldados no local perceberam que a vítima tinha uma semelhança impressionante com Sinwar.
Os soldados cortaram um de seus dedos para que as autoridades de saúde pudessem estabelecer sua identidade, disse Kugel. O corpo chegou ao instituto forense nacional nesta quinta-feira à noite para a autópsia.
O diretor do instituto disse que Sinwar estava relativamente pálido, o que faria sentido para alguém que passou longos períodos de tempo na rede de túneis subterrâneos do Hamas, como se acredita. Ele estava com um peso saudável — mais de 68kg — e não mostrava sinais de desnutrição, acrescentou o Kugel.
Para Kugel, a autópsia foi o fechamento de um círculo doloroso que começou durante o ataque do Hamas no sul de Israel no ano passado, no qual 1.200 pessoas foram mortas. Em seu rastro, uma maré infinita de vítimas inundou o instituto forense de Israel. Agora, Sinwar, o arquiteto do ataque, estava deitado na mesa.
Kugel realizou seu trabalho como já havia feito muitas vezes antes. “Foi só quando pisei do lado de fora que internalizei que este era o homem responsável por mais assassinatos do que qualquer outro na história do país”, disse ele.
Após a autópsia ser concluída, o corpo foi entregue ao exército israelense, disse Kugel. Israel guarda os corpos de centenas de palestinos que espera um dia usar para uma futura troca com o Hamas e outros grupos armados.