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Estados Unidos

Autor de massacre de Buffalo, nos EUA, enfrenta familiares das vítimas

Payton Gendron também é acusado de "crimes racistas" pela Justiça Federal, que não descarta o pedido de pena de morte

Payton Gendron chega para uma audiência no Erie County Courthouse em Buffalo, Nova YorkPayton Gendron chega para uma audiência no Erie County Courthouse em Buffalo, Nova York - Foto: Scott Olson / Getty Images North America / AFP

Um jovem supremacista branco que matou dez pessoas negras em maio em um supermercado em Buffalo, no norte dos Estados Unidos, foi condenado, nesta quarta-feira (15), à prisão perpétua, após uma audiência marcada por gritos de raiva e dor.

Payton Gendron, de 19 anos, havia se declarado culpado em novembro de assassinatos racistas e atos de terrorismo à Justiça do estado de Nova York, e esteve pela primeira vez diante das famílias de suas vítimas.

Durante a audiência, ele precisou ser levado para fora do tribunal quando um homem se atirou sobre ele.

"Quero estrangular você", gritou Barbara Massey Mapps, cuja irmã, Katherine, foi crivada de balas pelo réu.

"Entendo a emoção, entendo a raiva, mas não pode acontecer no tribunal", disse a juíza Susan Eagan após uma breve pausa da audiência. "Somos melhores que isso!", afirmou.

Vestido com um uniforme laranja de prisioneiro, o jovem às vezes parecia segurar o choro, mas conseguiu conter as lágrimas quando a angústia tomou conta do tribunal de Buffalo. Antes de condená-lo à prisão perpétua, a juíza Eagan deu a palavra aos familiares de suas vítimas.

Kimberly Salter, que perdeu o marido, Aaron, segurança do supermercado, compareceu à audiência vestida de vermelho e preto, "as cores do derramamento de sangue" e "nosso luto".

"Todos nós conhecemos o ódio e os motivos do seu crime racista, mas estamos aqui para dizer que você falhou", disse Simone Crawley, cuja avó, Ruth Whitfield, morreu enquanto fazia compras. "Apesar de nossas feridas, não vamos deixar você vencer esta guerra".

Em um breve discurso, Gendron disse que lamentava "a dor" que causou. "Não consigo dizer o quanto lamento por todas as decisões que me levaram a fazer algo terrível em 14 de maio, quando atirei e matei pessoas só porque eram negras".

"Acreditei em coisas que li online e agi com ódio racista", mas "não quero ser uma inspiração para ninguém", acrescentou.

Payton Gendron também é acusado de "crimes racistas" pela Justiça Federal, que não descarta o pedido de pena de morte.

Manifesto racista
Em 14 de maio, após meses de preparação, Gendron apareceu em um supermercado de Buffalo vestido com uniforme de combate, armado com um fuzil semiautomático AR-15 e uma câmera que transmitia suas ações ao vivo pela internet.

No estacionamento e dentro da loja, ele atirou contra clientes e funcionários. Ele matou dez pessoas com idades entre 32 e 86 anos e feriu outras três.

Em suas mensagens e em um manifesto racista, supremacista e conspiratório atribuído a ele, o jovem havia escrito vários meses antes do massacre que queria matar negros e que visava um bairro pobre e isolado de Buffalo por causa de sua alta proporção dos afro-americanos.

Antes do massacre, ele fez uma viagem de reconhecimento a Buffalo, cidade localizada a 300 quilômetros de sua casa.

A chacina chocou os Estados Unidos, mas dez dias depois um jovem de 18 anos matou 19 crianças e dois professores com um rifle semiautomático em uma escola em Uvalde, Texas.

Esses assassinatos, cuja lista continuou crescendo desde então, reacenderam o debate recorrente sobre a falta de regulamentação de armas de fogo nos Estados Unidos.

Desde 1º de janeiro, o site Gun Violence Archive já registrou seis ataques armados que deixaram pelo menos quatro mortos, e 71 tiroteios, com um balanço de pelo menos quatro feridos.

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