Autores de ataque em Nova Orleans e explosão em Las Vegas serviram em mesma base e no Afeganistão
Os dois, porém, não estavam posicionados nas mesmas unidades
O veterano do Exército dos EUA Shamsud-Din Jabbar, identificado como o suspeito no ataque que deixou 14 mortos em Nova Orleans na celebração de ano-novo, e o também veterano Matthew Livelsberger, identificado extraoficialmente como o motorista do Tesla Cybertruck que explodiu em Las Vegas, serviram na base militar de Fort Brag, na Carolina do Norte, afirmou nesta quinta-feira a polícia de Las Vegas em uma coletiva. Os dois, porém, não estavam estacionados na mesma unidade. Além disso, Jabbar e Livelsberger foram enviados ao Afeganistão na mesma época, embora não na mesma unidade.
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A coletiva da polícia de Las Vegas ocorreu depois de o vice-diretor assistente do FBI, Christopher Raia, da divisão de contraespionagem da agência, ter afirmado que a investigação sobre os casos seguem todas "as pistas potenciais", mas que, até agora, " não há nenhum vínculo definitivo" entre as duas ações.
Os dois ataques foram lançados no primeiro dia do ano-novo por meio de veículos alugados no mesmo aplicativo de locação de automóveis, o Turo. Em um comunicado, a empresa disse que colaborava "com autoridades policiais enquanto investigam ambos os incidentes" e que não tinha nenhuma informação de que os locatários dos veículos tivessem antecedentes criminais "que os identificariam como uma ameaça à segurança".
Livelsberger alugou a caminhonete elétrica da Tesla que pegou fogo e explodiu em frente a um hotel pertencente ao presidente eleito, Donald Trump, em Las Vegas. Cidadão americano de 37 anos de Colorado Springs, Colorado, Livelsberger morreu na explosão, que feriu levemente outras sete pessoas. Segundo investigadores, o veículo estava cheio de morteiros tipo fogos de artifício, combustível de acampamento e botijões de gás quando explodiu na manhã de quarta-feira.
O FBI está conduzindo operações e buscas em Colorado Springs em relação à explosão do Cybertruck, disseram fontes à ABC News. Os investigadores também seguem em pelo menos quatro estados e no exterior, disseram fontes.
Já Jabbar, cidadão americano de 42 anos do Texas, usou o aplicativo para alugar uma picape Ford elétrica que avançou com toda a velocidade contra um multidão nas primeiras horas do dia de ano-novo, deixando 15 mortos e dezenas de feridos. Fontes ligadas ao sistema de justiça e ao FBI afirmaram publicamente que seguem a hipótese de que Jabbar não agiu sozinho.
Na entrevista coletiva desta quinta-feira, Raia, disse que o FBI agora acredita que ninguém mais esteve envolvido diretamente no ataque em Nova Orleans. A declaração é uma mudança de posição em relação a afirmações prévias de autoridades da agência e também da procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, que disse em entrevista à NBC News que podia afirmar "com alguma certeza" que havia "múltiplas pessoas envolvidas" no ataque, investigado como um ato terrorista.
Segundo Raia, técnicos de bombas do FBI encontraram duas bombas caseiras em coolers de cerveja. Um dos coolers estava no cruzamento das ruas Bourbon e Orleans, e o segundo a dois quarteirões de distância.
Houve vários relatos de outros aparatos potencialmente explosivos, porém estes não eram funcionais, disse Raia, afirmando haver imagens de vigilância que mostram o suspeito colocando as duas bombas caseiras nos locais onde foram encontradas pelas autoridades. Previamente, Murrill mencionou a suspeita de que dispositivos explosivos teriam sido fabricados em um Airbnb alugado por indivíduos envolvidos no crime.
De acordo com informações da mídia local, a polícia passou várias horas na quarta-feira vasculhando um bairro nos subúrbios de Houston, cidade onde nasceu Jabbar, incluindo uma casa que teria relação com o veterano do Exército. Raia confirmou nesta quinta-feira que um mandado de busca está sendo cumprido em uma propriedade de Mandeville, na Louisiana, estado onde também fica Nova Orleans. Na propriedade, três celulares relacionados a Jabbar foram recuperados, assim como dois laptops. Todo o material está sendo inspecionado no momento.
A confirmação de que o motorista de Nova Orleans carregava uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico no momento do ataque abriu uma série de questionamentos sobre o grau de envolvimento entre o veterano do Exército americano e a organização. Em vídeos postados nas redes sociais pouco antes do ataque, Jabbar afirmou que tinha "desejo de matar", segundo afirmou o presidente dos EUA, Joe Biden, ao se referir ao caso. Especialistas apontam que os investigadores precisam determinar o mais rapidamente possível se Jabbar agiu apenas inspirado pelo EI ou se tinha vínculos de fato com o grupo.
— Eu acredito que o desafio para o FBI agora é este: isso foi inspirado ou foi um ataque direto do EI? — disse Sajjan Gohel, diretor de Segurança Internacional da Asia-Pacific Foundation, em entrevista à rede americana CNN.