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Autoridades da Islândia matam urso polar raro que revirava lixo de casa onde idosa estava sozinha

Chefe da polícia afirma que consultou a agência ambiental antes da execução: 'Não é algo que gostamos de fazer'; animal abatido foi o primeiro visto no país desde 2016

Urso polar feriu turista em arquipélago no Ártico (imagem ilustrativa) Urso polar feriu turista em arquipélago no Ártico (imagem ilustrativa)  - Foto: AFP PHOTO/Paul J. Richards

Um urso polar raro foi morto em uma vila remota na Islândia com um tiro após ser considerado uma ameaça pelas autoridades. O caso aconteceu na quinta-feira (19), mas foi anunciado pelas autoridades apenas no dia seguinte. O chefe da Polícia de Westfjords, uma região no noroeste do país, Helgi Jensson, disse que a agência ambiental foi consultada e se recusou a realocar o animal. Jensson explicou que o urso estava mexendo no lixo do lado de fora de uma casa de veraneio, quando a dona da residência, uma idosa, estava sozinha.

— Ela ficou lá. Ela sabia do perigo — explicou o chefe da polícia a agências Associated Press. — Não é algo que gostamos de fazer. Nesse caso, como você pode ver na foto, o urso estava muito perto da casa de verão. Havia uma idosa ali.

 

Jensson afirmou que a senhora se trancou no andar de cima e pediu ajuda à filha, que estava em Reykjavik, a capital do país, por link de satélite. O urso era jovem e pesava entre 150 kg e 200 kg. Seus restos mortais serão levados ao Instituto Islandês de História Natural para estudos, cientistas coletaram amostras dele na sexta-feira. Segundo a polícia, citada pela rede CNN, um helicóptero da guarda costeira inspecionou a área onde o urso foi encontrado em busca de outros, mas encontrou nada. Jensson disse que, após a morte do urso e do seu corpo ter sido levado embora, a idosa decidiu permanecer mais tempo na região.

Segundo a diretora de coleções científicas do instituto para onde o urso foi levado, Anna Sveinsdóttir, consultada pela CNN, ursos polares não são nativos da Islândia mas ocasionalmente aparecem no país nórdico após viajar em blocos de gelo da Groelândia. Ainda segundo a rede, muitos icebergs foram avistados na costa norte na última semana. No caso, o urso abatido na quinta-feira foi o primeiro visto no país desde 2016. Avistamentos são raros: apenas 600 foram registrados na Islândia desde o século IX, informou a rede.

Os ursos polares, vulneráveis à extinção, são uma espécie protegida na Islândia. É proibido matá-los no mar, mas podem ser mortos caso representem uma ameaça aos humanos ou ao gado. Apesar disso, ataques de ursos são extremamente raros.

Um estudo publicado em 2017, e citado pela CNN, mostrou que o degelo marinho devido ao aquecimento global levou mais ursos famintos a desembarcar, colocando-os em maior risco de conflitos com humanos e gerando um risco para os dois. Assim, dos 73 ataques registrados entre 1870 e 2014 no Canadá, Groenlândia, Noruega, Rússia e Estados Unidos, dos quais 20 morreram e 53 ficaram feridos, somente 15 ocorreram nos últimos cinco anos do período mencionado.

De acordo com o Instituto Islandês de História Natural, o debate sobre matar ou não uma espécie vulnerável começou a ganhar tração em 2008, após dois ursos chegarem ao país, levando o ministro do Meio Ambiente a nomear uma força-tarefa para estudar a questão. O grupo concluiu que a matar os ursos polares vadios era a resposta mais apropriada já que espécies não nativas representavam uma ameaça não apenas para as pessoas, mas também aos animais locais. Isso sem contar com o custo de devolvê-los à Groelândia, a cerca de 300 km.

A força-tarefa também constatou que havia uma população saudável de ursos no leste da Groelândia, de onde os ursos poderiam ter vindo.

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