Autoridades ocidentais põem em dúvida versão ucraniana de que Rússia disparou pela 1ª vez um míssil
Artefato pode transportar ogivas nucleares e é mais poderoso do que os mísseis de cruzeiro e balísticos que Moscou tem usado
Fontes ocidentais afirmaram a diversos veículos da imprensa americana nesta quinta-feira que a Rússia disparou um míssil balístico, mas não um míssil balístico intercontinental (ICBM), como a Força Aérea Ucraniana afirmou mais cedo.
Um alto funcionário dos EUA disse ao jornal New York Times que a arma parecia ser um míssil balístico de alcance intermediário, "mas um novo tipo que estamos rastreando". Washington ainda não se pronunciou oficialmente.
Uma autoridade ocidental, citada pela rede CNN, também se recusou a dar mais informações sobre o míssil, limitando-se a afirmar que seu impacto estava sendo avaliado.
O motivo da discrepância entre a informação divulgada pelos ucranianos e a das autoridades ocidentais também não ficou claro.
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Mais cedo, as autoridades ucranianas acusaram a Rússia de disparar pela primeira vez desde o início da guerra um míssil balístico intercontinental em um ataque à cidade de Dnipro, no centro-leste da Ucrânia. "Um míssil balístico intercontinental foi lançado da região russa de Astrakhan", disse a Força Aérea de Kiev, em comunicado.
Os ICBMs têm um alcance significativamente maior do que outros tipos de mísseis balísticos e poderiam representar uma escalada significativa. Isso porque esses mísseis são projetados para transportar ogivas nucleares e atacar a milhares de quilômetros de distância. São também mais poderosos do que os mísseis de cruzeiro e os mísseis balísticos de menor alcance que a Rússia tem usado para atingir a Ucrânia desde os primeiros dias do conflito.
De acordo com o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação, armamentos do tipo têm alcance mínimo de 5,5 mil quilômetros, mas suas versões mais avançadas podem ir a 9 mil quilômetros de distância.
A Ucrânia não alegou que havia uma ogiva nuclear no míssil.
Uma nova escalada
Dias antes, Moscou havia anunciado que Kiev disparara pela primeira vez em mil dias de guerra mísseis de longo alcance, ATACMS, fornecidos pelos EUA contra o seu território, após autorização do governo de Joe Biden. Dos seis mísseis, cinco foram abatidos, afirmou o Ministério da Defesa.
O disparo teria ocorrido contra uma instalação militar na região fronteiriça russa de Bryansk, segundo a imprensa estatal. Os fragmentos de um míssil danificado provocaram um incêndio na instalação, que foi rapidamente extinto e não causou danos ou vítimas. Um funcionário de alto escalão ucraniano confirmou à AFP o uso dos mísseis, mas o governo ainda não fez uma declaração oficial. A Rússia disse que o ataque marca "uma nova fase" do conflito e prometeu uma resposta "adequada".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não quis comentar o assunto durante uma entrevista coletiva em Kiev, mas a imprensa ucraniana, citando uma fonte militar, confirmou o uso dos mísseis fornecidos por Washington. O ataque teria causado 12 explosões secundárias.