CIÊNCIA

AVC: Estudo revela que casos aumentaram 70% em 31 anos; veja as causas principais

O trabalho foi publicado na revista científica The Lancet Neurology

Fatores ambientais como aumento das temperaturas e poluição do ar foram associadas ao aumento dos casos de AVC Fatores ambientais como aumento das temperaturas e poluição do ar foram associadas ao aumento dos casos de AVC  - Foto: Freepik

O acidente vascular cerebral (AVC), que ocorre devido ao entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, teve um aumento de 70% entre os anos de 1990 e 2021, de acordo com um novo estudo publicado nesta quarta-feira (18) na revista científica The Lancet Neurology. No total, foram 11,9 milhões de novos casos.

Além disso, o trabalho mostra que as mortes pela condição aumentaram em 40% no período analisado e a perda de saúde relacionada ao derrame cresceu 32%. Responsável pelo óbito de 7,3 milhões de pessoas até 2021, o AVC se tornou a terceira doença mais mortal do mundo, perdendo apenas para a doença cardíaca isquêmica e a Covid-19.

“O crescimento global do número de pessoas que desenvolvem derrame e morrem ou permanecem incapacitadas por derrame está crescendo rapidamente, sugerindo fortemente que as estratégias de prevenção de derrame atualmente usadas não são suficientemente eficazes”, sugere o autor principal, professor Valery L Feigin, da Universidade de Tecnologia de Auckland, Nova Zelândia, em comunicado.

O que chama atenção dos pesquisadores é que esse crescimento foi atribuído a alguns fatores de risco modificáveis no quadro de 23 fatores gerais. Um exemplo é o alto índice de massa corporal (IMC), que pode indicar sobrepeso ou obesidade, associado a 88% dos novos casos.

Outras causas evitáveis apontadas foram o alto nível de açúcar no sangue (aumento de 32%), dieta rica em bebidas adoçadas com açúcar (aumento de 23%), baixa atividade física (aumento de 11%), alta pressão arterial sistólica (aumento de 7%) e dieta pobre em ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 (aumento de 5%).

“A perda de saúde relacionada ao AVC impacta desproporcionalmente muitos dos países mais desfavorecidos da Ásia e da África Subsaariana devido ao crescente fardo de fatores de risco descontrolados, especialmente pressão alta mal controlada e níveis crescentes de obesidade e diabetes tipo 2 em adultos jovens, bem como a falta de serviços de prevenção e cuidados com AVC nessas regiões”, ressalta a coautora Catherine O. Johnson, do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Universidade de Washington, nos EUA.

O aumento da temperatura global também causou um agravamento do cenário. Sozinho, este fator foi responsável por elevar em 72% a saúde precária e morte prematura devido a derrame. De acordo com os pesquisadores, essa porcentagem provavelmente será ainda maior no futuro.

No mesmo sentido, foi mostrado pela primeira vez contribuição em larga escala da poluição atmosférica por partículas para a hemorragia subaracnóidea (hemorragia cerebral fatal).

“Dado que a poluição do ar ambiente está reciprocamente ligada à temperatura ambiente e às mudanças climáticas, a importância de ações climáticas urgentes e medidas para reduzir a poluição do ar não pode ser superestimada”, pondera Johnson.

Projeção para 2050
Em outro trabalho, realizado pela Organização Mundial do AVC, foi estimado que em 2050 a doença seria responsável por 9,7 milhões de mortes ao ano. Um alerta dado pelos autores é que o maior número de casos virá de países com renda média e baixa.

Tipos de AVC
O AVC ocorre de duas maneiras diferentes, ele pode ser isquêmico ou hemorrágico.

É chamado de isquêmico aquele em que ocorre uma obstrução de artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, as quais eventualmente morrem. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). Segundo o Ministério da Saúde, o AVC isquêmico é considerado o mais comum e representa 85% de todos os casos.

Enquanto o AVC hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.

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