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Avião voa de 'porta aberta' e faz pouso de emergência nos EUA

Boeing da Alaska Airlines transportava 171 passageiros; aeronave ficou 15 minutos no ar sem parte da fuselagem e empresa suspende voos com modelo 737 Max 9 até resultado de inspeções

Foto: Reprodução

Um avião da Alaska Airlines perdeu parte de sua fuselagem (estrutura que abriga a cabine de passageiros) no meio do voo nesta sexta-feira, e o piloto precisou fazer um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Portland, no estado de Oregon, nos Estados Unidos. Após o incidente, a companhia suspendeu sua frota de aeronaves Boeing 737 Max 9, e informou que espera concluir as inspeções em alguns dias.

De acordo com a Alaska Airlines, o voo 1282 transportava 171 passageiros e seis membros da tripulação, e seguia de Portland para Ontario, no estado da Califórnia, também nos EUA. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram o vento forte que passou pelo buraco durante os cerca de 15 minutos que o avião levou para retornar ao aeroporto. Por ele, era possível ver o céu noturno e as luzes da cidade abaixo.

A tripulação relatou um “problema de pressurização” antes do pouso de emergência, disse a Administração Federal de Aviação em comunicado. A Associação dos Comissários de Bordo da Alaska Airlines disse que a descompressão foi “explosiva”, e que um comissário de bordo sofreu ferimentos leves. Uma passageira relatou ter acordado com o som alto para se assustar em seguida com o grande buraco na lateral do avião.

— Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a máscara de oxigênio bem na minha frente — disse Vi Nguyen, de 22 anos. — Olhei para a esquerda e vi que a parede do lado do avião desaparecera. A primeira coisa que pensei foi: ‘vou morrer’.

Sua amiga Elizabeth Le, de 20 anos, disse que também ouviu “um estalo extremamente alto”. Quando olhou para cima, viu um grande buraco na parede do avião a cerca de duas ou três fileiras de distância. Ela afirmou que ninguém estava sentado imediatamente ao lado da fuselagem, mas que um adolescente e sua mãe estavam nos assentos do meio e do corredor. Os comissários os ajudaram a se mudar para o outro lado do avião.

— Foi horrível. Eu quase desmoronei, mas percebi que precisava ficar calma — relatou.

Houve anúncios pelo sistema de alto-falantes, mas nenhum deles foi audível porque o vento fazia muito barulho, disse ela. Após o pouso, paramédicos entraram na aeronave. Um homem sentado na fileira imediatamente atrás do buraco machucara o pé. Segundo Le, os passageiros não receberam explicação sobre o que havia acontecido.

O que causou o incidente?
A causa do problema em pleno ar ainda não estava clara até o início deste sábado. Keith Tonkin, diretor administrativo da Aviation Projects, uma empresa de consultoria de aviação em Brisbane, Austrália, disse que uma diferença excessiva na pressão do ar dentro e fora da cabine poderia ter causado a quebra da parede. Os passageiros provavelmente puderam respirar normalmente, afirmou.

O avião era novo, tendo sido certificado em novembro, segundo o registro da Administração Federal de Aviação (FAA). Entrou em serviço comercial naquele mês e desde então realizou 145 voos, segundo o Flightradar24, outro site de rastreamento de voos. Representantes da Alaska Airlines, da FAA e do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes disseram que estavam investigando o que havia acontecido.

A Boeing informou em comunicado estar “ciente do incidente envolvendo o voo 1282 da Alaska Airlines”, e que “estamos trabalhando para obter mais informações”.

Histórico de acidentes com o 737 Max
Em 2018, o Voo 610 da Lion Air, um 737 Max 8, caiu no oceano ao largo da costa da Indonésia, matando todos os 189 passageiros e tripulantes. Menos de cinco meses depois, em 2019, o Voo 302 da Ethiopian Airlines caiu pouco depois de deixar a capital da Etiópia, Adis Abeba, matando todas as 157 pessoas a bordo.

Os aviões Max foram suspensos após o segundo acidente. A Boeing fez então alterações no avião, incluindo no sistema de controle de voo por trás dos acidentes, e a FAA o liberou para voar novamente no final de 2020. Em 2021, a empresa concordou em pagar US$ 2,5 bilhões em acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, para pôr fim a uma acusação criminal de que a Boeing conspirara para fraudar a agência.

Em dezembro, a Boeing pediu às companhias aéreas clientes que inspecionassem todos os 737 Max em busca de um possível parafuso solto no sistema de controle de direção, após caso descoberto em manutenção de rotina. A Alaska Airlines disse na época que esperava concluir as inspeções de sua frota na primeira metade de janeiro.

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