Azerbaijão bombardeia região separatista de Nagorno-Karabakh
Região vive nova escalada da tensão após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas na região
O Azerbaijão iniciou nesta terça-feira (19) uma nova operação militar na região separatista de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia. A incursão acontece após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas na região, episódios que o país atribui a "terroristas" pró-Armênia.
Segundo o Ministério da Defesa do Azerbaijão, foram bombardeadas "posições das Forças Armadas armênias e infraestruturas militares". Já os separatistas de Nagorno-Karabakh denunciaram a "violação do regime de cessar-fogo" por parte do Azerbaijão em toda a linha de contato, com "ataques de mísseis e artilharia".
"Estamos assistindo ao Azerbaijão se mover para a eliminação física da população civil e a destruição dos alvos civis" disse à ANSA Sergei Ghazaryan, ministro das Relações Exteriores da autoproclamada República de Artsakh.
O governo da Armênia afirma que não possui tropas na região e pediu uma intervenção do Conselho de Segurança da ONU e das forças de paz da Rússia no território. Após a escalada, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou ao Azerbaijão para cessar imediatamente as suas operações militares na região.
Leia também
• Mais de 1.200 crianças morreram em campos de refugiados no Sudão desde maio
• Arévalo pede a destituição do procurador-geral por orquestrar 'golpe' na Guatemala
• EUA pede diálogo após retomada das tensões em Nagorno-Karabakh
“As ações militares do Azerbaijão devem ser interrompidas imediatamente para permitir um diálogo franco entre os armênios de Baku e Karabakh”, disse Michel na rede X, antigo Twitter.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, afirmou que o país está "preocupado com a repentina escalada" da tensão e cobrou o respeito à trégua.
Azerbaijão e Armênia já guerrearam durante cerca de um mês e meio pela posse de Nagorno-Karabakh em 2020, mas um cessar-fogo em vigor desde 10 de novembro daquele ano interrompeu o conflito, que deixou de milhares de mortos. Embora o Azerbaijão tenha vencido a guerra naquele ano, ainda não alcançou todos os seus objetivos, incluindo um corredor terrestre para o enclave de Naquichevão, uma fatia separada do território do Azerbaijão na fronteira sudoeste da Armênia, que daria ao país uma ligação direta com a Turquia.
Também pretende exercer maior controle sobre o Corredor Lachin, alegando que a Armênia o usa para transportar minas terrestres ilegalmente para Nagorno-Karabach.
A Armênia já havia vencido outra guerra contra o Azerbaijão por Nagorno-Karabakh no início dos anos 1990, dando-lhe o controle de cerca de 13% da área total do território azeri, incluindo Nagorno-Karabakh. Baku, por sua vez, ganhou muito de volta na ofensiva em 2020, aproveitando seus lucros com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel.