Azerbaijão diz que Rússia prometeu punição criminal a responsáveis por abater avião da Embraer
Hipótese de incidente com sistema de defesa aérea russa ganha força
O procurador-geral do Azerbaijão, Kamran Aliev, anunciou nesta segunda-feira que a Rússia prometeu identificar e punir os responsáveis pela queda do avião da Azerbaijan Airlines, que Baku disse ter sido abatido por disparos de defesas aéreas russas antes de cair no Cazaquistão, em 25 de dezembro, matando 38 pessoas.
Moscou não admitiu oficialmente ter abatido a aeronave, embora tenha declarado que o sistema de defesa estava "ativo" no momento em que a aeronave reportou estar em queda.
Citado em um comunicado emitido nesta segunda, o procurador-geral disse que o chefe do comitê de investigação russo, Alexander Bastrikin, o informou que "foram tomadas medidas intensivas para identificar os culpados e responsabilizá-los criminalmente".
Ainda de acordo com a Procuradoria do Azerbaijão, a Rússia teria prometido "realizar uma investigação completa, exaustiva e objetiva" sobre o ocorrido, além das investigações que estão sendo realizadas no Cazaquistão, onde o avião caiu.
Leia também
• Azerbaijão acusa Rússia de tentar esconder causas de acidente aéreo que matou 38 pessoas
• Putin admite que sistema antiaéreo estava ativo no momento de queda de avião do Azerbaijão
• Rússia afirma que avião do Azerbaijão tentou pousar durante ataque de drones ucranianos
Moscou não admitiu oficialmente a sua responsabilidade no desastre aéreo que matou 38 pessoas, apesar das cobranças das autoridades do Azerbaijão para que assumam a culpa. Naquele que foi o principal gesto até o momento, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu desculpas ao presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev.
Putin admitiu que disparos de artilharia antiaérea foram feitos pela Rússia no dia da tragédia devido a um ataque de drone ucraniano, mas não reconheceu diretamente que os projéteis teriam atingido o avião da companhia aérea do Azerbaijão, que fazia a rota Baku-Grozny, entre o país e a Chechênia.
O pedido de desculpas, porém, não surtiu o efeito esperado. Ainda no domingo, Aliev acusou a Rússia de ter disparado contra a aeronave — modelo Embraer 190 — e de tentar encobrir a causa do desastre. Ele pediu uma confissão de culpa, no primeiro pronunciamento público dos países envolvidos sobre a possibilidade direta da aeronave ter sido abatida acidentalmente — hipótese que ganhou força desde que surgiram imagens de buracos na fuselagem do avião.
Em entrevista à Agência de Imprensa do Azerbaijão (APA, na sigla original), ligada ao governo, Zulfugar Asadov, membro da tripulação de cabine que sobreviveu ao incidente, contou que enquanto o avião se preparava para pousar, em meio a uma forte neblina, ouviu-se o som de um impacto externo. Ele disse ter se ferido durante o momento do impacto.
As caixas-pretas da aeronave foram encontradas e serão enviadas ao Brasil. Representantes da Embraer e da agência brasileira de investigação e prevenção de acidentes aéreos (Cenipa) já haviam sido enviados ao país.
Apesar das críticas, autoridades do Azerbaijão afirmaram que a Rússia "prestou o apoio necessário aos procuradores enviados para Grozny", capital da Chechênia, onde o avião tentou aterrar duas vezes, sem sucesso, antes de cair em Aktau, no Cazaquistão, do outro lado do Mar Cáspio. (Com AFP)