Baricitinibe: conheça o novo remédio aprovado pela Anvisa contra a alopécia areata
Estima-se que a doença atinja aproximadamente 2% da população mundial
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro tratamento sistemático para alopecia areata, doença autoimune, ou seja, quando as células atacam o próprio organismo e provoca queda capilar. O baricitinibe, também conhecido pelo nome comercial de Olumiant, poderá ser administrado em pacientes adultos com o quadro grave da doença para o tratamento em todo o corpo.
A doença atinge aproximadamente 2% da população mundial em diferentes níveis — pode afetar desde pequenas áreas do couro cabeludo ou da barba, por meio de lesões circulares, ou até causar a completa ausência dos fios em todo o corpo. O medicamento, fabricado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, já está disponível para comercialização e custa cerca de R$ 5 mil.
Segundo a bula, o Oluminant é um inibidor seletivo e reversível das enzimas janus quinases (JAKs), em especial as JAK 1 e 2, que são responsáveis pela comunicação das células envolvidas na hematopoese (processo de formação e desenvolvimento das células do sangue), na inflamação e na função imunológica.
Segundo o FDA, agência regulatória americana, a eficácia e a segurança do baricitinibe foi estudada em diversas pesquisas. Um estudo, por exemplo, chegou a comprovar pelo menos 80% de cobertura capilar do couro cabeludo em pacientes após 36 semanas de tratamento.
Outra pesquisa mostrou que 22% dos pacientes (de um total de 184) que receberam 2 miligramas do Olumiant e outros 35% (de um total de 281) que receberam 4 miligramas alcançaram uma cobertura adequada do couro cabeludo.
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No Brasil, o remédio ainda é aprovado para tratar outras doenças. Ele foi o primeiro a ser autorizado para tratar casos mais graves de Covid-19 e também artrite reumatoide ativa moderada a grave e dermatite atópica moderada a grave.
Alopecia
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a alopecia é caracterizada pela queda de cabelos ou de pelos em grande quantidade. Existem dois tipos principais de alopecia: a areata e a androgenética. As duas são comuns na juventude e o resultado principal é o mesmo: a queda de cabelo. No entanto, os processos são diferentes.
O que é a alopecia areata?
A alopecia areata é uma doença inflamatória, localizada na raiz dos fios, que provoca a queda de cabelo. Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, como a genética, a participação autoimune e até mesmo o emocional. Com ela, os fios começam a cair, resultando em falhas circulares, deixando a pessoa com espaços no couro cabeludo e, em alguns casos, sem pelos no restante corpo.
As regiões de perdas variam em localidade e intensidade. Além dos casos mais comuns, com as áreas ovais sem fios de cabelo no couro cabeludo, há casos raros de alopecia areata total, nos quais o paciente fica totalmente careca. Existe também a alopecia areata universal, na qual caem os pelos de todo o corpo, até mesmo cílios e sobrancelhas — de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), apenas 5% dos pacientes desenvolvem a doença até esse nível.
Quais são as causas da alopecia areata?
Alguns dos fatores que podem desencadear ou agravar um quadro de alopecia. São eles:
Problemas emocionais, como estresse e processos de luto;
Má alimentação;
Uso de produtos químicos;
Reações hormonais pós-parto.
A doença também pode estar associada a outras, como lúpus, vitiligo, diabetes e alergias, como a rinite. Portanto, muitas vezes se faz necessária a realização de exames de sangue.
Estudo compara eficácia das drogas contra a queda de cabelo
Pesquisadores do Centro Mediprobe Research e da Escola de Medicina da Universidade de Toronto, ambos no Canadá, fizeram um meta-análise com 23 estudos para avaliar e classificar a eficácia de três remédios contra a queda de cabelo em homens.
Os cientistas descobriram que tomar 0,5 miligramas de dutasterida oral por dia teve a maior probabilidade de reduzir a perda de cabelo nos homens. A dutasterida é um remédio indicado para o tratamento de hiperplasia prostática benigna (HPB), que é o crescimento benigno da próstata. Em sua bula aprovada pela Anvisa, o medicamento tem indicação para tratamento da calvície no Brasil.
Dentre os efeitos colaterais causados pela dutasterida estão possibilidade de diminuição do desejo sexual e a da capacidade de obter e manter uma ereção. Estes efeitos são comuns em medicamentos para tratamento de HPB.
Tomar 5 miligramas por dia de finasterida oral foi o segundo tratamento com maior eficácia, segundo o estudo. A finasterida é um medicamento da mesma família química da dutasterida, também usado para tratar o aumento da próstata. Segundo a bula que consta no site da Anvisa, este remédio é aprovado no Brasil para uso contra a queda de cabelo masculina, mas numa dosagem de apenas 1 miligrama, menor que analisada no estudo. A dosagem de 5 miligramas é apenas para tratar a HPB.
A finasterida também produziu o maior aumento na contagem total de cabelos em 48 semanas. Uma contagem total de cabelo é exatamente o que parece — uma contagem de todos os diferentes tipos de cabelo em uma cabeça, incluindo cabelos mais finos ou tipo "penugem de pêssego".
O terceiro tratamento mais bem-sucedido para a calvície masculina foi uma pílula contendo 5 miligramas de minoxidil oral. Essa pílula produziu o maior aumento na contagem de pelos terminais no final de dois meses, muito mais forte do que a dose mais baixa. Os cabelos "terminais" são os cabelos mais maduros da cabeça (em comparação com os novos e finos cabelos do bebê) e são mais propensos a criar aquele efeito de "cabelo cheio".
No Brasil, o minoxidil é liberado pela Anvisa para uso no tratamento contra a calvície. Diferentemente do que foi analisado no estudo, a medicação no nosso país tem formulação tópica, com 5% do composto em cada mL do produto, o que equivale a 50mg/mL. Aplica-se o produto duas vezes ao dia (1mL em cada aplicação), na região onde pretende-se recuperar o cabelo.