Submarino

Batidas por socorro podem ter acelerado implosão de submarino, avaliam especialistas

'É como pisar em uma casca de ovo', afirma oceanógrafo sobre a pressão no local onde o submarino navegava

Submarino que realizava uma expedição até os destroços do Titanic desapareceu nesta segunda-feira Submarino que realizava uma expedição até os destroços do Titanic desapareceu nesta segunda-feira  - Foto: AFP PHOTO / OceanGate Expeditio

O mistério em torno do submersível que desapareceu durante uma expedição ao Titanic no domingo pode estar cada vez mais perto de uma resolução. Após a Guarda Costeira americana anunciar que encontrou possíveis destroços do submarino da empresa OceanGate, diversas teorias sobre o que pode ter acontecido começaram a surgir.

Ao Globo, o oceanógrafo David Zee, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), avalia que as próprias batidas por socorro no interior da embarcação podem ter provocado — ou acelerado — a implosão, tendo em vista enorme pressão exercida naquela profundidade.

Segundo Zee, a implosão do submersível é a teoria mais provável para os destroços encontrados, mas ela não necessariamente teria acontecido no momento em que a comunicação foi perdida. O submarino pode ter passado dias no fundo do mar, impactado por uma pressão cada vez maior conforme a profundidade aumenta, tornando sua estrutura vulnerável até às batidas de socorro dos tripulantes no interior.

— Qualquer mudança rachadura [na estrutura] aumentar os riscos de uma implosão naquela profundidade. Os tripulantes poderiam estar lá no fundo tentando se comunicar batendo [no casco], o que explicaria as equipes terem escutado algo durante as buscas, mas num momento de desespero isso também pode ter danificado o casco e implodido tudo — explica Zee. — Quando acontece isso, é que nem pisar em um ovo, ele se estilhaça para todos os lados.

Zee sublinha, porém, que os barulhos ouvidos pela equipe de busca não necessariamente teriam vindo do submersível, uma vez que as ondas sonoras no mar não são lineares.

O oceanógrafo avalia que seria difícil confundir os destroços do submersível com outros naquela região, como do próprio Titanic, considerando o contraste no tempo de decomposição:

— Tudo que pertence ao Titanic já sofreu muito processo de corrosão, as cores são diversas da cápsula, que é branca e lisa — analisa. — A certeza não deve ser muito difícil em função da textura diferente dos destroços enferrujados que já estavam no fundo do mar.

No caso de uma provável implosão, recuperar os restos mortais dos cincos passageiros a bordo do submersível seria uma tarefa impossível, segundo o oceanógrafo. Por causa da enorme pressão do lado de fora, "a morte é instantânea".

— Seria muito difícil encontrar restos mortais. Os destroços do submarino tem uma densidade maior, podem permanecer por um tempo no local, mas com a correnteza os restos humanos já devem ter sido levados para longe.

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