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Beleza sem padrão: aceitação é a chave para o bem-estar com o próprio corpo

O encontro com o interior ajuda pessoas fora do "padrão de beleza perfeito" a enxergarem seu próprio brilho e melhorarem a autoestima

Mari Cid, criadora de conteúdoMari Cid, criadora de conteúdo - Foto: Léo Malafaia/Folha de Pernambuco

Até os 22 anos, a publicitária e produtora de conteúdo, Mari Cid, 27, não conseguia enxergar o corpo como um espaço de beleza e satisfação. Gordofobia, preconceito e imposição a um padrão de beleza "perfeito" colocavam Mari contra a própria forma física, que não emagrecia por causa da genética. O fortalecimento e a visão de que poderia ser bonita do seu jeito só aconteceram após o término de um relacionamento conturbado.

“Acho que as pessoas começaram a enxergar minha beleza primeiro do que eu. Comecei a me vestir de acordo com a minha personalidade e não com o que cabia em mim. De certa forma, isso foi expandindo para outras questões”, relata a criadora de conteúdo.



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Resgatar a autoestima, priorizando o bem-estar do corpo e a beleza natural, ainda é um desafio contemporâneo - onde há a cultuação e veneração às formas físicas perfeitas. Historicamente, isso está ligado ao fato de como ocupamos os espaços. Em registros da Idade Média, os homens poderiam estar visíveis no espaço enquanto os corpos das mulheres ficavam restritos. “Toda mulher que é muito grande incomoda, seja ela gorda ou musculosa. Então, o espaço para o corpo da mulher ocupar é próximo ao invisível”, ressalta a nutricionista comportamental Sophia Andrade.

Isso reverbera em questões contemporâneas. Desde as décadas de 60 e 70, que a moda cultua mulheres magras e com aparência anoréxica, tendo a modelo britânica Twiggy como um dos primeiros exemplos. Essas medidas adotadas pelo mercado atingem as vitrines - com poucas opções de roupas e peças com tamanhos maiores -, a saúde e o modo como a sociedade vê pessoas gordas.

Essas questões fizeram Mari Cid criar seu próprio espaço nas redes sociais para discutir sobre o assunto. “Eu comecei a ver outras meninas que se vestiam de maneira super criativa, usando cropped e roupas mais curtas. E aí me fiz a pergunta: por que também não posso? Desde então compartilho lojas, que geralmente são de fábrica, com preços acessíveis e de qualidade. Se eu tenho essa informação, por que não compartilhar?”, conta a criadora de conteúdo, que relata essas informações no perfil “Tem Tamanho Maior?”, no Instagram.

Sophia Andrade recomenda a aceitação do corpo como uma forma de se sentir saudável

Sophia Andrade recomenda a aceitação do corpo como uma forma de se sentir saudável - Crédito: Leo Malafaia/Folha de Pernambuco


Para Sophia Andrade, a aceitação do corpo é um dos caminhos mais seguros para uma vida saudável, em que as pessoas podem adotar um relacionamento afetivo com a alimentação. “Respeitar esse corpo é também respeitar a forma como você come e de uma maneira mais tranquila e leve. E quando falo de aceitação do corpo, isso não significa que você vai se sentir bonito 100% do seu tempo. É normal, eu acordar um dia e não me sentir tão bem com ele. O ideal é que a gente consiga equilibrar bem esse processo. O que não é normal é você se sentir bem a qualquer custo e o tempo inteiro”, afirma a especialista.

 

Amanda utiliza o Instagram para encorajar pessoas com cabelos crespos e cacheados

Amanda utiliza o Instagram para encorajar pessoas com cabelos crespos e cacheados - Crédito: Ashley Melo/Divulgação

O incômodo estético para a jornalista e educadora Amanda Tavares, 39, era o cabelo. Após anos alisando os fios, ela decidiu passar pela transição capilar e adotar os cachos. Atualmente, a jornalista compartilha informações sobre produtos, autoestima, e histórias de pessoas que passaram ou que ainda estão passando por transição capilar. “Eu decidi criar a página a partir do momento que percebi que as pessoas vinham me perguntar no meu perfil pessoal coisas sobre produtos e dicas de finalização”, diz a criadora da página Cabelos Bonitos Demais.

Além de contar sobre a sua experiência, Amanda estimula a valorização da beleza das duas filhas, Gabriela e Letícia, 5 e 8 anos, respectivamente. Enquanto a primeira tem cabelos lisos, a segunda é negra e possui cabelos crespos. “Geralmente, quando estamos em algum lugar as pessoas tendem a elogiar o cabelo de Gabriela, que é liso. Então, tento reverter isso falando ‘olha como os cachos de Letícia são lindos’ também. As duas têm suas belezas e a gente precisa deixar claro isso”, enfatiza a jornalista.

PODCAST | Canal Saúde - Padrões de beleza podem estimular preconceitos e sofrimento: 

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