Renúncia

Benny Gantz, membro do gabinete de guerra de Israel, renuncia um dia após libertação de 4 reféns

Político, que é o principal rival de Netanyahu, disse que o primeiro-ministro age de forma a "impedir" a vitória na guerra em Gaza

Benny Gantz, líder da oposição em Israel, anuncia sua saída do gabinete de guerra Benny Gantz, líder da oposição em Israel, anuncia sua saída do gabinete de guerra  - Foto: Jack Guez/AFP

O líder da oposição em Israel, Benny Gantz, anunciou sua saída do gabinete de guerra, formado logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, e acusou o premier Israelense, Benjamin Netanyahu, de "evitar" que o país obtenha uma "vitória real" contra o grupo terrorista Hamas.

Há cerca de um mês, Gantz havia dito que deixaria o gabinete caso o governo de Netanyahu não apresentasse um plano para a guerra nas semanas seguintes, o que não aconteceu.

— Netanyahu nos impede de avançar para uma verdadeira vitória [em Gaza] — disse Gantz, em comunicado transmitido pela TV neste domingo, no qual chamou a a decisão de deixar o governo de "complexa e difícil". — É por isso que saímos hoje do governo de emergência com o coração pesado, mas com o coração inteiro.

Apesar de integrar o gabinete de guerra, e de tomar decisões ao lado de Netanyahu, Gantz é apontado como o principal rival de Netanyahu no cenário politico israelense, e pesquisas apontam que, caso fossem realizadas eleições em um futuro próximo, ele conseguiria formar uma coalizão para se tornar primeiro-ministro.

A participação no governo não impediu que ele tecesse críticas recorrentes à condução da guerra por Netanyahu, e as divergências ficaram explícitas em meados de maio, quando fez o últimato cobrando um plano para a guerra — caso contrário, prometia deixar o gabinete.

— Estou orgulhoso de ter ingressado no gabinete de emergência depois que a tragédia de 7 de outubro se abateu sobre nós. Mas depois de oito meses de combate temos que olhar para frente — disse Gantz aos repórteres. — Netanyahu sabe o que deve fazer e deve fazê-lo.

Nas declarações, Gantz reafirmou que é possível derrotar o Hamas em Gaza, ao mesmo tempo em que defendeu a realização de novas eleições — em abril, uma pesquisa do Canal 12 mostrou que 42% dos israelenses defendem a renúncia imediata de Netanyahu, e que 44% querem uma nova votação "nos próximos meses". Para Gantz, essa eleição deve ocorrer em outubro.

— Para garantir uma vitória real, é apropriado que no outono [no Hemisfério Norte], um ano [após] o desastre, realizemos eleições que eventualmente estabelecerão um governo que conquistará a confiança do povo e será capaz de enfrentar os desafios [de Israel] — declarou. — Apelo a Netanyahu: estabeleça uma data eleitoral acordada. Não deixe nosso povo ser dilacerado.

No X, o antigo Twitter, Netanyahu também fez um apelo, mas pela permanência de Gantz, cuja saída deixa o gabinete de guerra sem membros da oposição, em tese permitindo ao premier ter mais controle sobre as decisões no campo de batalha, e potencialmente abrindo espaço para que integrantes mais radicais de seu Gabinete ministerial tenham voz ativa. Contudo, analistas veem esse como o maior golpe político sofrido pelo longevo premier nos últimos oito meses.

"Israel está numa guerra existencial em diversas frentes. Benny, este não é o momento de abandonar a campanha – este é o momento de unir forças. Cidadãos de Israel, continuaremos até à vitória e à consecução de todos os objectivos da guerra, principalmente a libertação de todos os nossos reféns e a eliminação do Hamas", disse Netanyahu.

"A minha porta permanecerá aberta a qualquer partido sionista que esteja pronto para se juntar aos esforços e ajudar a trazer a vitória sobre os nossos inimigos e a garantir a segurança dos nossos cidadãos."

O anúncio de Gantz estava previsto para ser feito no sábado, mas foi adiado por causa da operação militar que resgatou quatro reféns israelenses nos arredores de Nuseirat: Almog Meir Jan, de 21 anos; Noa Argamani, de 26; Andrey Kozlov, de 27; e Shlomi Ziv, de 41, foram capturados no festival de música eletrônica Nova, e levados imediatamente para a Faixa de Gaza.

Um policial israelense morreu no resgate, enquanto o Hamas afirma que, no mesmo local onde foi realizada a operação, 210 pessoas foram mortas e mais de 400 ficaram feridas.

Neste domingo, o Hamas anunciou que três reféns israelenses mantidos no mesmo local morreram na ofensiva. Em vídeo publicado no canal das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, neste domingo no Telegram, o grupo mostra três corpos, cujos rostos estão cobertos por tarjas, e afirma que são de alguns dos 251 reféns capturados no dia 7 de outubro de 2023.

— Seus reféns não serão libertados a menos que nossos prisioneiros sejam soltos — diz o vídeo, em referência aos prisioneiros palestinos mantidos em instalações israelenses, e que já serviram de moeda de troca no ano passado, durante as escassas pausas nos combates e solturas de reféns.

Na véspera, ao comentar a declaração de um porta-voz das Brigadas al-Qassam apontando que alguns reféns foram mortos na ofensiva em Nuseirat, um porta-voz militar israelense, Peter Lerner, afirmou à rede CNN que se tratava de uma "mentira retumbante". As autoridades de Israel não se pronunciaram sobre as novas alegações do Hamas.

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