Biden anuncia "acordo de princípio" para evitar greve ferroviária nos EUA
A greve ameaçou interromper o transporte de cargas, mas também de passageiros, dois meses antes das eleições legislativas
As empresas ferroviárias e os sindicatos dos Estados Unidos chegaram a um acordo de princípio para evitar uma grande greve planejada neste fim de semana, anunciou o presidente dos EUA, Joe Biden, em comunicado nesta quinta-feira (15).
"O acordo de princípio alcançado ontem à noite marca uma importante vitória para nossa economia e para o povo dos Estados Unidos", disse o comunicado no site da Casa Branca.
"Os ferroviários terão melhores salários, melhores condições de trabalho e tranquilidade em relação ao seguro de saúde", acrescentou.
A greve ameaçou interromper o transporte de cargas, mas também de passageiros, dois meses antes das eleições legislativas nas quais o Partido Democrata de Biden corre o risco de perder o controle do Congresso.
A pressão vinha crescendo em ambos os lados para chegar a um acordo. A operadora ferroviária nacional, Amtrak, já havia cancelado linhas de passageiros em antecipação a interrupções, enquanto agricultores e varejistas alertavam para o caos que uma greve causaria em uma cadeia de suprimentos já interrompida pela pandemia de Covid-19.
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O anúncio do acordo de princípio ocorreu depois que empresas ferroviárias de carga e dois sindicatos que representam principalmente os maquinistas foram convocados para uma reunião no Departamento do Trabalho em Washington na quarta-feira (14), em um esforço para evitar uma greve na sexta-feira (16) à meia-noite.
"Agradeço aos sindicatos e às companhias ferroviárias por negociarem de boa fé e chegarem a um acordo de princípio que manterá nosso sistema ferroviário em funcionamento e evitará interrupções em nossa economia", disse Biden.
Biden expressa regularmente forte apoio aos trabalhadores, mas também busca evitar mais danos econômicos antes das eleições parlamentares de meio de mandato em 8 de novembro.
Os eleitores já estão preocupados com o aumento dos preços devido à pandemia, em que os problemas da cadeia de suprimentos têm sido um flagelo constante e a inflação anual atingiu a máxima de 40 anos.
"Não existe substituto"
A Associação das Ferrovias Americanas havia alertado que a greve pararia 7 mil trens, custando US$ 2 bilhões por dia.
As demandas dos sindicatos não são tanto sobre salários, mas sobre dias de folga e licenças médicas. Os funcionários reclamam que às vezes precisam trabalhar por longos períodos devido à falta de pessoal.
"Momentos atrás, após mais de 20 horas consecutivas de negociações no Departamento do Trabalho, as ferrovias e os negociadores sindicais chegaram a um acordo de princípio que equilibra as necessidades dos trabalhadores, empresas e economia de nossa nação", tuitou o secretário do Trabalho dos EUA, Marty Walsh.
Biden nomeou um painel de arbitragem em julho para facilitar as negociações e evitar uma paralisação trabalhista.
Agricultores e varejistas alertaram que uma greve atingiria as cadeias de suprimentos dos EUA já atingidas pela pandemia.
"Não há substituto para o transporte de produtos", disse Zippy Duvall, presidente da Federação Americana de Agências Agrícolas, na quarta-feira.
A Federação Nacional do Varejo (NRF) chamou o trem de carga de "crucial para a cadeia de suprimentos do varejo".
"O momento coincide exatamente com o pico da temporada de embarque para os feriados de inverno, e uma greve ferroviária neste momento seria um golpe inflacionário significativo para uma economia já cambaleante", alertou o diretor executivo da NRF, Matthew Shay, antes do anúncio de Biden.