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Cúpula do clima

Biden aumenta compromisso dos Estados Unidos na luta contra o aquecimento global

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, prometeu a Biden que respeitará o compromisso de acabar com a desmatamento ilegal até 2030

Joe Biden, presidente dos EUAJoe Biden, presidente dos EUA - Foto: Brendan Smialowski / AFP

O presidente Joe Biden anunciará nesta quinta-feira (22), ao organizar a reunião de cúpula de líderes mundiais sobre o clima, um compromisso mais ambicioso dos Estados Unidos para combater o aquecimento global, que espera transformar em exemplo para o resto do planeta diante de uma "ameaça existencial".
 
Durante a reunião virtual de quinta e sexta-feira pelo Dia da Terra, Biden discursará para os 40 líderes estrangeiros convidados, entre eles o chinês Xi Jinping, o russo Vladimir Putin, o brasileiro Jair Bolsonaro e também o papa Francisco.
 
O presidente americano anunciará que a maior economia do mundo reduzirá as emissões de gases do efeito estufa entre 50% e 52% até 2030, na comparação com os níveis 2005, afirmaram fontes da Casa Branca. 
 
Sob o Acordo de Paris, o tratado internacional sobre o clima de 2015, o ex-presidente Barack Obama anunciou que o país reduziria as emissões entre 26 e 28% até 2025, um objetivo que Biden, que era vice-presidente na época da assinatura do pacto, praticamente dobra agora.
 
A nova meta americana busca "desafiar o mundo a uma ambição maior na luta contra a mudança climática", disse uma fonte do governo Biden, que pediu anonimato.
 
O Acordo de Paris pretende limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e, se possível, a + 1,5°C, o nível que os cientistas consideram necessário para evitar os efeitos mais severos das mudanças climáticas.
 
Este horizonte é impossível de alcançar com os compromissos nacionais atuais, mas o governo de Biden é otimista.
 
"Mais da metade da economia mundial está se movimentando agora para reduzir as emissões ao ritmo global necessário para manter 1,5ºC ao alcance", disse a fonte da administração americana. "Nossa coalizão está crescendo".
 
O Reino Unido, que organizará a reunião do clima COP26 em novembro em Glasgow, anunciou na terça-feira a ambiciosa meta de reduzir em 78% até 2035 suas emissões, na comparação com os níveis de 1990. A União Europeia aprovou na madrugada de quarta-feira uma redução de "pelo menos 55%" até 2030 em relação a 1990.
 
O governo do Japão, a terceira maior economia do mundo, anunciou nesta quinta-feira que reduzirá as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 46% até 2030, contra a meta anterior de 26%. E o Canadá pretende diminuir entre 40% e 45% até 2030 na comparação com os níveis de 2005, contra 30% do plano anterior, segundo a imprensa.
 
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também prometeu a Biden que respeitará o compromisso de acabar com a desmatamento ilegal até 2030, mas gera ceticismo.
 
"Discurso importante" da China 
A China, de longe o maior emissor de CO2 do mundo, afirmou que Xi Jinping fará um "discurso importante" durante a reunião. 
 
O presidente chinês foi elogiado no ano passado ao anunciar que seu país começaria a reduzir as emissões de dióxido de carbono até 2030, com o objetivo de alcançar 30 anos depois a "neutralidade de carbono", ou seja, absorver tanto quanto emitir.
 
Deixando de lado as divergências no comércio, direitos humanos e outros temas, Pequim e Washington se comprometeram no sábado a "cooperar" sobre o clima, depois de uma visita a Xangai do emissário americano John Kerry, que considerou "suicida" qualquer falta de colaboração.
 
Washington, segundo maior emissor de gases do efeito estufa, retornou ao Acordo de Paris com Biden, depois que seu antecessor Donald Trump se retirou do pacto por considerá-lo injusto.
 
A saída de Trump não afastou tanto os Estados Unidos de cumprir a meta de Obama graças ao compromisso dos estados, especialmente a Califórnia, e a uma forte queda da produção industrial durante a pandemia de Covid-19.
 
Não apenas promessas a longo prazo 
Os especialistas destacam que é necessário fazer nais para evitar uma catástrofe: um estudo da ONU divulgado no fim do ano passado concluiu que o mundo se encaminha para um aquecimento de 3ºC, o que representa um risco de desastres naturais cada vez mais graves que podem provocar fomes e migrações em massa.


"A mudança climática representa uma ameaça existencial, mas responder a esta ameaça oferece uma oportunidade", afirmou uma fonte da administração Biden.
 
O presidente deseja que o Congresso aprove um pacote de infraestrutura de 2 trilhões de dólares que inclui uma transição importante para uma economia verde, que permitirá a criação de milhões de empregos bem remunerados.
 
Ainda é necessário saber se Biden conseguirá garantir o compromisso de Washington dada a reticência do Partido Republicano de Trump a qualquer ação sobre o clima.
 
Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, disse que é "necessária uma grande vontade política e ação" para adotar medidas imediatas, não apenas fazer promessas a longo prazo.
 
"Os países mais ricos do mundo devem fazer mais do que reduzir à metade suas emissões até 2030, depois de terem sido beneficiados pelas indústrias extrativas e poluentes que levaram à crise climática", disse.

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