Biden buscará 'atacar as causas' da migração nos EUA
O plano abrangente e de longo prazo tem cooperação do México e os países da América Central
O presidente Joe Biden buscará "atacar as causas" da migração irregular para os Estados Unidos com um plano abrangente e de longo prazo e em cooperação com o México e os países da América Central, comentou na última sexta-feira (29) uma funcionária da Casa Branca.
"Se não atacarmos a pobreza, a corrupção, a insegurança, não podemos realmente mudar a situação para que os migrantes possam ter uma vida em seus países e um futuro para seus filhos", declarou Roberta Jacobson, assessora de Biden para assuntos de fronteira.
Ela observou que Biden e o mexicano Andrés Manuel López Obrador conversaram na semana passada sobre a necessidade de promover o desenvolvimento da Guatemala, El Salvador e Honduras, a origem da maioria das centenas de milhares de migrantes sem documentos que procuraram entrar pela fronteira sul dos Estados Unidos nos últimos anos.
Jacobson, diplomata com vasta experiência na América Latina que entre 2016 e 2018 foi embaixadora no México, destacou que o governo de Barack Obama (2009-2017), do qual Biden foi vice-presidente, destinou cerca de 750 milhões de dólares a programas de ajuda ao Triângulo Norte da América Central.
"O problema não foi que os programas foram um fracasso. O problema foi a interrupção dos programas durante o governo Donald Trump", disse.
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Biden, que aposta em uma reforma migratória que regularize cerca de 11 milhões de imigrantes, a maioria mexicanos e centro-americanos, está decidido a reverter as políticas draconianas de seu antecessor Trump.
No âmbito de uma bateria de medidas, o presidente democrata planeja anunciar na próxima terça-feira "o lançamento de um grupo de trabalho para reunificar famílias e crianças" migrantes, anunciou seu porta-voz, Jen Psaki.
- Agilizar pedidos de asilo -
Além disso, a nova administração quer processar os pedidos de asilo de migrantes do programa "Fique no México" o mais rápido possível, mas novos casos não serão considerados.
Roberta Jacobson afirmou que "nas próximas semanas" buscará agilizar a atenção aos cadastrados "há meses ou anos" nos chamados Protocolos de Proteção ao Migrante (MPP), com especial ênfase nos "mais vulneráveis".
"Vamos nos dedicar a processar essas pessoas o mais rápido possível, e muito mais rápido do que antes, para garantir que todos tenham a oportunidade de ter seu pedido de asilo processado", disse ela durante uma entrevista coletiva por telefone. “Esta é uma prioridade do governo”, garantiu.
O programa dos MPP foi anunciado pelo ex-presidente Donald Trump em dezembro de 2018 com o objetivo de deter os imigrantes sem documentos que chegavam em massa à fronteira sul em busca de refúgio, a maioria deles da América Central.
Desde janeiro de 2019, quando começou a ser implantado, até dezembro de 2020, pelo menos 70 mil pessoas foram devolvidas ao México no âmbito dos MPP, segundo dados da ONG American Immigration Council.
Quando a pandemia de covid-19 foi declarada em março de 2020, todas as audiências foram suspensas, deixando milhares de migrantes no limbo no México. Mesmo assim, o governo Trump continuou a receber requerentes de asilo sob esses protocolos até o final de seu mandato.
Em 20 de janeiro, mesmo dia da posse de Biden, o Departamento de Segurança Interna (DHS) anunciou a suspensão de novos registros e pediu a todos os inscritos nos MPP que "fiquem onde estão", enquanto aguardam informações sobre seus casos.
Jacobson enfatizou que os migrantes que correrem para a fronteira na tentativa de se adiantar na fila só afetarão "negativamente" suas chances.
E pediu veementemente a todas as pessoas que agora pretendem chegar à fronteira com os EUA que desistam da viagem.
“Todos nós sabemos que os traficantes estão espalhando mensagens muito diferentes: que agora a fronteira está aberta ou que é mais fácil entrar nos Estados Unidos. Mas a verdade é que isso é falso”, disse ela aos jornalistas.
Embora as fronteiras terrestres entre os Estados Unidos e o México estejam fechadas ao trânsito não essencial desde março de 2020 devido à crise de saúde, milhares de hondurenhos tentaram avançar ao norte em meados de janeiro, confiando em um relaxamento das condições migratórias com a chegada de Biden à Casa Branca.
“É importante que eles não alcancem a fronteira dos Estados Unidos agora. Não é o momento, é muito perigoso”, ressaltou Jacobson, uma diplomata com vasta experiência na América Latina que entre 2016 e 2018 foi embaixadora no México.