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Biden diz a Petro que Colômbia é "pedra angular" na América Latina

O presidente Petro tem como objetivo obter um gesto de Joe Biden em relação à Venezuela

O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro (2L) no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DC, em 20 de abril de 2023O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro (2L) no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DC, em 20 de abril de 2023 - Foto: Jim Watson / AFP

Joe Biden disse nesta quinta-feira(20) a Gustavo Petro que a Colômbia é "uma pedra angular" na América Latina, durante uma reunião na Casa Branca, com a crise política na Venezuela no centro das atenções.

O presidente Petro tem como objetivo obter um gesto de Joe Biden em relação à Venezuela, com o levantamento de sanções impostas por Washington ao governo de Nicolás Maduro.

A Colômbia "é a chave do hemisfério (...) uma pedra angular", afirmou Biden, depois de parabenizar Petro pelo seu aniversário de 63 anos na quarta-feira.

"Temos uma chance se trabalharmos duro o suficiente para ter um Hemisfério Ocidental unido, igualitário, democrático e economicamente próspero", acrescentou Biden.

O democrata fez elogios ao seu convidado, com quem afirma que trabalha contra "os níveis históricos de migração", especialmente na selva de Darién.

O democrata agradeceu a "hospitalidade" aos refugiados venezuelanos, um ato que qualificou de "humanitário e generoso".

Petro afirmou que a América tem em comum o fato de ter se desenvolvido "sob o conceito de democracia e liberdade" e que "quase nunca houve guerra" entre os países.

"Se juntarmos esses dois pilares, o político da democracia, liberdade e paz com o econômico que uma economia descarbonizada exige de nós, acho que encontraremos nosso destino comum, uma América que pode ser um farol para a humanidade", disse o presidente colombiano.

Aos jornalistas, os líderes não mencionaram a crise política na Venezuela, que seria "o tema central" da reunião, segundo fontes consultadas pela AFP.

Para o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, é importante não sair de mãos vazias antes da conferência internacional que Bogotá sediará em 25 de abril sobre o estagnado diálogo político na Venezuela.

Os Estados Unidos são um dos participantes da conferência. Maduro não estará presente, embora tenha dado seu aval, e a oposição também não, mas se reunirá com Petro dias antes.

Desde sua chegada aos Estados Unidos, onde fez escalas de trabalho em Nova York e na Califórnia, o ex-guerrilheiro pede "mais democracia, zero sanções" à Venezuela, país com o qual restabeleceu relações após três anos de ruptura diplomática.

Por enquanto, Washington adverte que manterá as sanções contra Caracas até ver "passos concretos" em direção a uma democratização e insiste em que seu objetivo são eleições "livres e justas" no país.

Mas as conversas entre o governo e a oposição da Venezuela estão paradas desde novembro. Maduro sabe que sua principal vantagem é condicionar o diálogo ao levantamento de sanções e não cede.

E é aí que entra Petro, com o desafio de facilitar que ambos deem um passo à frente.

Combate às drogas
Outro grande tema da agenda da reunião é a política de combate às drogas, à qual Biden se referiu rapidamente, afirmando que ambos "trabalham juntos para combater o narcotráfico".

O ex-guerrilheiro é crítico da guerra contra as drogas apoiada pelos Estados Unidos e propõe focar os esforços no combate ao consumo, em vez da produção, assim como o fim da perseguição aos pequenos cultivadores.

Petro falou sobre a questão antes do encontro. "Acreditamos que a guerra contra as drogas fracassou" e "queremos abrir a discussão sobre este tema e como a política internacional de drogas se articula com o crescimento da violência em toda a América e a violência na Colômbia", afirmou.

Esta mudança de foco na luta antidrogas faz parte da política de "paz total", com a qual o presidente pretende pôr fim a mais de seis décadas de violência na Colômbia.

O Estado Maior Central (EMC), a maior facção de dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que se afastaram do histórico acordo de paz de 2016, declarou estar disposto a dialogar com o governo.

O governo colombiano já abriu negociações com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), surgida em 1964, que manteve diálogos de paz frustrados com cinco governos.

No início do encontro, os dois líderes destacaram a importância do combate às mudanças climáticas, no mesmo dia em que Biden pediu ao Congresso 500 milhões de dólares (cerca de 2,5 bilhões de reais em valores atuais) para o Fundo Amazônia.

O presidente democrata indicou que "poderiam conversar" sobre a interconexão elétrica entre a Colômbia e o Panamá, uma linha de centenas de quilômetros que liga os dois países.

E Petro insistiu na importância de uma economia descarbonizada: "Temos que passar do capital fóssil (...) para uma economia que não use carvão, petróleo ou gás".

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