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Cúpula do clima

Biden abre Cúpula do Clima e duplica a meta de redução de emissões dos EUA

Biden vê 'oportunidade econômica extraordinária' na luta contra as mudanças climáticas

Joe Biden durante Cúpula de Líderes sobre o ClimaJoe Biden durante Cúpula de Líderes sobre o Clima - Foto: POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMA

Sob pressão de ver testada sua liderança global, Joe Biden abriu nesta quinta-feira (22) a Cúpula de Líderes sobre o Clima com um discurso contundente, em que fez anúncios ambiciosos de novas metas climáticas para os EUA e deu caráter de urgência para o combate ao aquecimento global. O presidente americano disse que este é "um momento imperativo" em termos morais e econômicos, e a ciência, inegável. "Não temos escolha, temos que fazer isso", afirmou.

Biden formalizou o anúncio de que os EUA vão cortar 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030, uma meta nova e ambiciosa que foi celebrada pelos ambientalistas, mas ressaltou que os EUA são responsáveis por menos de 15% das emissões do mundo -o país é o segundo do ranking, atrás da China, que emite cerca de 26%- e que é preciso um esforço conjunto do planeta.

"Os EUA colocam-se a caminho para reduzir os gases de efeito estufa pela metade até o final da década. É para lá que estamos indo, como nação. E é isso que podemos fazer, se agirmos para construir uma economia que não seja apenas mais próspera, mas mais saudável, justa e limpa para todo o planeta", disse o presidente americano.

Ele destacou ainda que a medida colocará o país na rota para "zerar emissões líquidas de carbono até 2050", mas que "nenhuma nação pode resolver essa crise por conta própria." Biden pediu "um passo à frente" a todos os países participantes da cúpula, mas "particularmente aqueles que representam as maiores economias do mundo."

 


Com os anúncios desta quinta, Biden tenta cristalizar sua mensagem debatida com líderes estrangeiros nas últimas semanas: se todos trabalharem juntos, é possível estabelecer metas mais ousadas do que as estabelecidas em 2015 no Acordo de Paris para frear o aquecimento global, modernizando a cadeia de produção de países ricos e ajudando os mais pobres que conseguirem demonstrar resultados positivos na agenda verde.

De forma simbólica, Biden abriu seu discurso de pouco mais de cinco minutos com as consequências que a agenda climática pode ter sobre a criação de empregos nos EUA. O democrata avalia que essa é uma forma de tentar angariar mais apoio popular para sua empreitada, ciente de que há muita divisão no Congresso, entre republicanos e democratas, sobre a agenda verde.


Biden lançou um pacote trilionário de infraestrutura que precisa de aprovação parlamentar, e promete modernizar a cadeia produtiva americana ao mesmo tempo em que cria postos de trabalho em campos de energia limpa.

"É por isso que estamos falando sobre clima, empregos dentro de nossa resposta climática, criação de empregos, oportunidade prontos para serem acionados", disse o presidente. "Vejo uma oportunidade de criar milhões de empregos sindicais de classe média bem remunerados."

Integrantes do Departamento de Estado americano dizem que o encontro desta quinta e sexta não é considerado "uma resposta final" das nações sobre as metas ambientais, mas "parte de uma conversa" para revisar os compromissos que serão formalizados na COP-26, a conferência da ONU sobre o clima, marcada para novembro na Escócia.

Biden disse que esse era "o primeiro passo" rumo à conferência do fim do ano. O presidente quer recolocar os EUA como líderes do mundo no combate às mudanças climáticas, mas enfrenta obstáculos, principalmente diante de poderosas economias, como China e Índia, que, em um primeiro momento, não se mostraram dispostas a se comprometer com números ambiciosos para 2030.

Anfitrião de 40 líderes mundiais no encontro virtual, o democrata comanda a primeira sessão da cúpula com o objetivo de mostrar que os EUA são confiáveis na liderança para uma economia mais justa e sustentável, recuperando o prestígio do país no cenário multilateral depois de quatro anos de isolacionismo sob Donald Trump.

Ao anunciar metas contundentes, Biden queria estimular outros países a fazerem o mesmo, na tentativa de frear o aquecimento global em 1,5°C. Para isso, o planeta precisa neutralizar as emissões de carbono até 2050.

Reduzir em pelo menos 50% as emissões de poluentes nos EUA nesta década é quase o dobro do que havia sido acordado anteriormente pelos americanos no âmbito do Acordo de Paris. Em 2015, Barack Obama, de quem Biden era vice, prometeu reduzir de 26% a 28% das emissões até 2025, em relação aos índices de 2005. Dois anos depois, Trump retirou os EUA do acordo, mas Biden retomou a posição em seu primeiro dia de governo. Agora, o democrata quer mostrar que é preciso ir além das metas estabelecidas há seis anos para evitar catástrofes ambientais ainda maiores.


Ao lado de sua vice-presidente, Kamala Harris, Biden falou na primeira sessão da cúpula, intitulada "Aumentando nossas Ambições Climáticas", na qual falam também os líderes das principais economias do globo -e mais poluentes- e dos países com importantes credenciais ambientais, como Brasil, China, Índia, Rússia, Reino Unido, Alemanha e França -com três minutos de discurso cada.


Por causa do formato virtual, não houve espaço para reuniões ou fechamentos de acordos bilaterais, segundo diplomatas envolvidos nas negociações.

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